No entanto, a carreira de Lina está longe de começar ali. A travesti, que se identifica como artista multimídia, começou a carreira musical em 2016, já lançou diversos singles e dois álbuns em que aborda as experiências do ponto de vista das travestis, desde a transição e a violência até o prazer e o amor
Entre os nomes estão Jup do Bairro (sua principal parceira), Liniker (de quem é grande amiga), Gloria Groove, Pepita, Urias, Karol Conká, Ney Matogrosso, Edi Rock e muito mais! Conheça algumas das melhores canções de Linn para adicionar na playlist
Foi a primeira música lançada por Linn em 2016 e aborda o tanto de coragem, autoestima e talento para sair do armário. A artista também denuncia o fato de que muitos homens héteros se escondem atrás da masculinidade e da LGBTfobia, mas procuram travestis e homens gays para fazer sexo, principalmente as inseridas na prostituição
Em “Enviadescer”, a artista enaltece as chamadas gays afeminadas; ou seja, homens gays que têm uma expressão de gênero consideradas mais femininas. No entanto, essa aplicação pode ser feita também para travestis. “Eu gosto mesmo é das bichas, das que são afeminadas, das que mostram muita pele, rebolam, saem maquiadas. Se tu quiser ficar comigo, boy, vai ter que enviadescer”
De forma escancarada, Linn se coloca no lugar das travestis que precisam recorrer à prosituição para sobreviver, caso de mais de 90% da comunidade trans. Além de contar a situação aos quais essas travestis são expostas, ela as aplaude, reconhece e homenageia: “Bato palma para as travestis que lutam para existir e a cada dia conquistar o seu direito de viver e brilhar”
“Estou procurando, estou tentando entender, o que é que tem em mim que tanto incomoda você”, canta Linn na faixa de seu álbum de estreia, “Pajubá”. Com rimas cirúrgicas e de duplo sentido, marca registrada da artista, ela canta sobre o corpo das travestis, que podem ser considerados “estranhos” e “incômodo” para quem está dentro da cisheteronormatividade
A letra forte da música expõe as violências cometidas por pessoas cis hétero brancas contra a comunidade LGBTQIA+ e pessoas pretas, questionando o porquê de esse sistema ser mantido. A faixa também questiona a autoridade de policiais, que cometem essas violações em altos índices. “Baseado em carne viva e fatos reais, é o sangue dos meus que escorre pelas marginais”
Parceria com Gloria Groove, a faixa enaltece a estética, a força e o empoderamento das travestis. Gloria e Linn fazem isso e impõem respeito aos homens héteros que tentam violentá-las ou tirar vantagens. “”Deixa a sua p*roca bem guardada na cueca, se você encostar em mim faço picadinho de neca”
A letra de “Serei A” foi recitada por Linn dentro do “BBB 22”. Parceria com Liniker, a letra serve como um ombro para travestis que sintam estarem sendo negadas ao amor. A mensagem da composição é continuar sendo quem se é sem medo e se entregar apenas a quem estiver disposto a andar lado a lado. “Entrega o seu corpo somente a quem possa carregar [...]. Aconteça o que aconteça, continue a navegar, continue a travecar”
“Oração” é um hino de sororidade e irmandade para falar sobre a união entre travestis. Não à toa, Linn canta a canção ao lado de outras sete artistas travestis: Jup, Liniker, Urias, Danna Lisboa, Alice Guéi, Ventura Profana e Veronica Valenttino. “Não queimem as bruxas, mas que amem as bixas, amem as travas também”
Parte de seu segundo álbum, “Trava Línguas”, a canção aposta em ritmos mais dançantes e cheios de brasilidade. Na faixa, Linn canta sobre o sentimento que sente após receber uma bênção do orixá Exú. Na música, Linn cita Xica Manicongo, considerada como a primeira travesti brasileira
Mais voltada para o pop, a canção fala sobre o sentimento de saudade. “I míssil” faz alusão ao míssil mas também a “I miss you”, “sinto sua falta” em português. “Só corro em sua direção, frio na espinha, a boca seca, tua boca na minha; escuridão, vazio, eu mudo a rima calada; sem rumo eu digo muito, sem dizer mais quase nada”