Há um ano, Linn da Quebrada, agora Lina nos documentos, realizava um de seus sonhos desde que decidiu fazer a transição de gênero: a cirurgia para implantar silicone nos seios. O "corpo político", como gosta de se referir a si mesma e à sua transformação, estava se tornando mais feminino.
"Passei muito tempo me perguntando se queria ou não colocar meus peitos, se era ou não a hora, por diversas questões. Mas dentre elas, eu sempre fui muito apaixonada por mim e pelo meu corpo. nunca entendi ou senti que havia nascido no corpo errado. Amo cada transformação, cada mudança, cada movimento, e justamente por isso eu sabia que continuaria me amando ainda mais. Eu sentia que precisava me deslocar. Transmutar. Criar um novo órgão em mim para desorganizar um pouco mais o mundo lá fora", contou, na época.
A cantora trans reivindica também o título de travesti. A transição não começou tão cedo como se imagina. Vinda de uma família de testemunhas de Jeová, Lina Moreira, ainda Lino, seu antigo nome, já se percebia na infância como uma criança diferente, o que aflorou na adolescência, principalmente quando trabalhou num salão de beleza.
"Lembro do primeiro dia que, com um camisetão, sem revelar muito, mas entregue na sombra e na silhueta, percebi que minha postura estava mudando. Senti um peso no plexo solar se aliviando. Senti que podia baixar a guarda. Senti que não precisava provar nada a ninguém. Eu chorei porque me senti livre. Me sinto livre pra não ser nem homem nem mulher. Eu posso ser eu".
Chamada de Junior pela família quando mais nova, Linn teve os mesmos conflitos que qualquer transgênero sente. Mas não achava que ocupava outro corpo que não o seu de fato. Antes de entrar no "BBB 22", ela fez as pazes com o pai, de quem herdou o nome no masculino e comemorou os documentos femininos.
"Quem quiser ainda assim me chamar no masculino, que o faça. O peito não garante nada, mas eu sei quem eu sou. E eu amo ser travesti. Eu matei o Junior e tudo que eu posso dizer pra vocês é que é muito chique ser eu".