O cantor e rapper norte-americano Lil Nas X está se preparando para lançar seu primeiro álbum de estúdio, "MONTERO", amanhã (17). No início do mês, ele posou com exclusividade para a revista "People" com uma barriga postiça, simulando uma gravidez. O bebê, nessa analogia, seria o disco de estreia.
A decisão artística dividiu opiniões entre fãs. Enquanto um lado diz que Lil Nas quebrou padrões de gênero, outro lado aponta que o cantor pode ter ofendido mulheres e diversas pessoas dentro da comunidade LGBTQIAP+ , como homens trans e não binárias.
A Associação Nacional de Travestis e Transexuais(ANTRA) se pronunciou sobre o caso em seu Instagram e afirma que as fotos de Lil Nas X grávido é "indefensável". A instituição afirma que, além de gravidez não ser uma fantasia, a caracterização foi transfóbica.
"É uma ofensa a mulheres e demais pessoas que podem engravidar ver a gestação ser usada como uma jogada de marketing tão problemática como Lil está fazendo e isso deve parar. Pessoas morrem sem acesso aos cuidados de saúde na gestação ou sem direito e acesso ao aborto seguro", escreveu a ANTRA.
O grupo continua afirmando que Lil está lucrando em cima das violências, rejeições e maus tratos sofridos por homens trans e transmasculinos, que podem gestar, no sistema de saúde.
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Além disso, a ANTRA lembra que as fotos foram publicadas logo após o estado do Texas, nos Estados Unidos, sancionarem lei que proíbe o aborto com seis semanas de gravidez. Lil não abordou o assunto no post.
"Lil pode arrancar a bárriga fake a qualquer momento, enquanto grávidas no Texas perderam a capacidade de tomar decisões sobre suas próprias gravidezes. Mulheres e pessoas que podem gestar não podem sair de seus corpos, não podem descartar as gravidezes dessa maneira".
A organização ainda rebateu os argumentos de fãs que defenderam Lil, já que o cantor é um homem queer e negro. "Ser queer e/ou negro não o torna ninguém imune a ser transfóbico. Algumas pessoas cis queer e negras são transfóbicas", rebateu.
"Parem de normalizar absurdos em nome de uma idolatria que não questiona a pessoa que está sendo cobrada, mas tenta colocar aquelas que se sentem diretamente ofendidas e incomodadas como inconvenientes", continuou a ANTRA na legenda da imagem.
Por fim, a organização explica que não pede pelo cancelamento do artistas, mas reflete sobre a importância de ter pessoas que são consideradas representantes de um determinado grupo tenham responsabilidade sobre suas ações.
"Todas as pessoas somos (sic) transfóbicas, algumas estão em desconstrução, e isso só vai acontecer quando pararmos de passar pano porque simpatizamos com essas pessoas. [...] Mesmo gay e negro, Lil é um rapper famosíssimo e milionário. Ele poderia fazer mais pela comunidade trans, principalmente para aquelas pessoas das quais ele está usando a imagem para lucrar em cima", finaliza.