Douglas Souza, além de ponteiro da seleção masculina de vôlei, é um dos atletas brasileiros que representam a comunidade LGBTQIA+ no jogos de Tóqui
Divulgação/FIVB
Douglas Souza, além de ponteiro da seleção masculina de vôlei, é um dos atletas brasileiros que representam a comunidade LGBTQIA+ no jogos de Tóqui


A luta contra a LGBTfobia abrange todas as instâncias da sociedade, incluindo os esportes. Para qualquer grupo socialmente marginalizado, os espaços de destaque tornam-se naturalmente distantes e violentos, com barreiras difíceis de ultrapassar. Por isso, todas as conquistas são significativas e, mais do que uma ruptura no sistema, são uma motivação para que a luta continue. Essa é a importância da representatividade.

Alan Alves, presidente do Tamanduás-Bandeira , time de rugby brasileiro que promove a diversidade e a inclusão de pessoas LGBTQIA+ no esporte, destaca o quanto o ambiente esportivo ainda é hostil com essa população. 

“Existem muitas barreiras porque ainda é um espaço muito homofóbico e transfóbico. A exclusão é sistemática: as nossas vivências nos excluem desse espaço e os estereótipos nos quais a comunidade LGBT não se encaixa tornam os ambientes desconfortáveis e inacessíveis”, aponta. 


A própria iniciativa do Tamanduás-Bandeira evidencia a necessidade de coletivos que criam um espaço de inclusão e acolhimento para pessoas LGBTQIA+ que não se sentem bem-vindas nos ambientes esportivos. Alan ressalta a importância da valorização dos esportes em grupos, especialmente para atletas de baixo rendimento. 

“Para nós, em uma classificação mais amadora, é muito importante construir ambientes nos quais as pessoas possam se conectar com o esporte e se entenderem como atletas, principalmente nos esportes coletivos. Precisamos quebrar barreiras e ocupar esses locais”, declara. 

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O peso da representatividade também é citada por Alan, que comenta o fato de as Olimpíadas de Tóquio deste ano terem batido o recorde de atletas abertamente LGBTs. Ele comenta o quanto a presença de esportistas que fazem parte da comunidade fortalece a luta e serve de inspiração para aqueles que almejam se destacar no esporte também. 

“É muito importante termos atletas LGBTs nas Olimpíadas porque conseguimos nos respaldar nessas pessoas que atingiram alto rendimento. Isso reflete na comunidade em geral e percebemos que não estamos sozinhos e que a nossa luta está avançando, de certa forma”, explica ele. 

Mais de 160 atletas declaradamente LGBTs estão competindo em Tóquio, enquanto os dois últimos jogos, em Londres (2012) e no Rio de Janeiro (2016), somaram 70 esportistas assumidamente lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros. O Brasil está entre os cinco países das Olimpíadas com mais atletas LGBT; ao todo são 15:

  • Marta (futebol)
  • Andressa Alves (futebol)
  • Bárbara Barbosa (futebol)
  • Formiga (futebol)
  • Letícia Izidoro (futebol)
  • Aline Reis (futebol)
  • Debinha (futebol)
  • Izabela da Silva (atletismo/disco)
  • Babi Arenhart (handebol)
  • Isadora Cerullo (rugby) 
  • Silvana Lima (surfe)
  • Ana Marcela Cunha (natação)
  • Ana Carolina (vôlei)
  • Carol Gattaz (vôlei)
  • Douglas Souza (vôlei)

Mesmo com o bom número de atletas LGBTs brasileiros, o país com o maior número de esportistas que são membros da comunidade é os Estados Unidos, com 30 atletas, seguido do Canadá (17 atletas), Grã-Bretanha (16), Holanda (também 16), Austrália (12) e Nova Zelândia, com 10. 

Em retrospecto, Alan conta como a exposição de pessoas LGBT no meio esportivo era mais comedida no passado, situação essa que vem mudando ao vermos tantos atletas assumidos publicamente e, acima de tudo, trazendo pautas relacionadas ao movimento à tona. 

“Geralmente o que víamos eram pessoas ‘saindo do armário’ após se aposentarem do esporte e se afastarem da área, mas hoje os atletas estão vindo à público com as suas questões de maneira mais livre”, finaliza.

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