Apesar de Tico Santa Cruz ser conhecido por ser um hétero cisgênero e também por ser casado há mais de 20 anos com a mesma mulher, Luciana Rocha, Tico recentemente assumiu ter sexualidade fluida , que é quando a pessoa trafega pela homossexualidade e pela heterossexualidade, sem ter uma única orientação.
Ao assumir a sexualidade, Tico sofreu diversos ataques nas redes sociais, incluindo fake news e também ameaças. Em entrevista exclusiva ao iG Queer, o vocalista do Detonautas explica a confusão e também o que pensa sobre a sexualidade fluida.
"Por conta disso [de assumir], eles fizeram uma postagem que dizia que eu tinha gênero fluido e que eu tinha um outro nome: Shana. Enfim, eles fizeram uma mistura, né? Porque não entendem nada de questão de gênero, de sexualidade, bando de reprimidos", diz.
Ele conta que depois da fake news, fez um story explicando a confusão. "Eu entendi, em um primeiro momento, que ter a sexualidade fluida era ser uma pessoa livre de preconceitos. Como eu sou, de fato. Mas algumas pessoas da comunidade LGBTQIA+ me explicaram do que se tratava, então entendi", comenta.
"Sou hétero, casado há 20 anos e dois filhos, amanhã ou depois de amanhã, alguma coisa pode mudar na minha vida e se eu realmente quiser ter outra experiência, não tenho problema em assumir, então me considero dentro desse lastro, já que a questão de gênero e sexualidade me afetam", declara. "Minha atração é por mulher, mas como no caso também envolve a ausência de preconceitos, no caso de mulheres trans, eu falei que não teria nenhum problema", afirma.
Tico é casado com Luciana Rocha e tem dois filhos: Bárbara e Lucas. Para o casal, a preocupação maior da repercussão das falas de Tico é com os filhos. "Eles são ensinados a lidar com esse tipo de questão de forma aberta. São educados aqui dentro para que abordem qualquer tipo de assunto sem preconceito. Luciana ficou preocupada com a repercussão da sexualidade fluida e da fake news porque ela sabe quem eu sou e do que gosto", conta.
Você viu?
Investimento em maconha
Tico Santa Cruz investe em um fundo de investimento de cannabis nos Estados Unidos, já que a planta é legalizada no país. "Os recursos econômicos que são gerados com a exploração do mercado da cannabis, tanto medicinal quanto vestuário, quanto recreativo, eles ultrapassam bilhões. Então é muito importante para a construção de uma saúde pública e científica, em relação aos benefícios", acredita.
Ele comenta que, no começo de seu envolvimento com o negócio, decidiu investir um valor simbólico no mercado e afirma que este é um debate importante porque a cannabis é uma planta com muitas utilidades e criminalizá-la é algo retrógrado.
"Teve uma história no passado ligada ao preconceito e ao controle da população pobre e negra. A guerra às drogas, é uma guerra que não é funcional. A cannabis tem uso medicinal que funciona para muitas doenças e patologias", afirma.
Identidade
Com tatuagens espalhadas pelo corpo e rosto, Tico diz que não foram feitas por estética e sim por um conceito. "É a minha identidade, é como me enxergo no mundo. À medida que vou amadurecendo, vivendo novas experiências, isso vai se refletindo nas tatuagens, no que eu represento, em como me vejo", diz.
Para ele, existe preconceito no uso de tatuagens e que não sofre tanto por ser um artista. "Tenho esse privilégio de poder fazer o que eu quero e não sofrer retaliação no trabalho, nos lugares que vou. E cabe a mim também a quebrar esses tabus", afirma.
Questionado se pretende fazer mais desenhos no corpo, o cantor declara que ainda há espaços em branco, como sua pena além de outras partes que ainda não têm marca alguma.
"Tem outras tatuagens que perderam sentido, significado e que eu vou refazer alguma coisa por cima, mas que dão pra fazer, por cima. Então são capítulos da minha vida registrados na minha, na minha pele", destaca.