Erika Hilton é a primeira mulher trans eleita para um cargo político na cidade de São Paulo. Ela também foi a candidata a vereadora que recebeu mais votos em todo o Brasil e agora ocupa um novo espaço, é a capa da edição digital da revista Vogue de dezembro. Ela foi fotografada para um editorial e também deu uma entrevista à editora Claudia Lima falando sobre sua trajetória e o mundo da política.
A vereadora eleita analisou o conservadorismo no Brasil e argumenta que não vivemos em um país fascista. "Acho que o fascismo tem crescido e ganhado força, mas ainda não tomou conta do Brasil. Ainda somos um País de mulheres, indígenas, negros e negras, pessoas que lutam pelos seus direitos, mas que foram seduzidas pela ideia de que somos minoria, quando na verdade é o oposto", diz.
Hilton também falou sobre a importância de estar na Câmara dos Vereadores de São Paulo e disse desejar que a população se reconheça nela, uma "mulher que é negra e travesti, mas que fala de orçamento, cultura, esporte e educação e que tem um projeto para a cidade". "Quando eu, uma mulher negra e trans sou a mais votada do País, ninguém – nenhum homem ou mulher branco e cisgênero – perde o seu lugar. Ao contrário, só há ganhos, e todo mundo avança", fala.
"Me sinto vingada, honrada e grata, pois entro no parlamento pela porta da frente. Mas sei que muita gente veio antes abrindo caminho para que eu pudesse chegar até aqui. Gente como Zumbi dos Palmares, Dandara, Luiza Mahin, a própria Marielle, que lutaram para romper os estigmas do preconceito e ocupar lugares que nos foram negados. Agora, quero abrir espaço para que outras venham depois de mim. Me sinto pronta", Erika Hilton conclui.