O Brasil completou, nesta quarta-feira (7), 200 anos de sua independência de Portugal. A data, que se trata de uma comemoração de um país inteiro, acabou sendo
usada neste ano para fins eleitorais pelo atual presidente da República
.
Historicamente, a extrema-direita utiliza o patriotismo como ferramenta de manipulação para dominar as massas e conseguir apoio para introduzir seus projetos desastrosos. Foi assim e sempre será. Bolsonaro soube usar essa ideia muito bem, mesmo seus interesses pessoais e familiares sendo passados por cima de tudo e de todos.
O feriado mais patriota do calendário foi escolhido para que o presidente mostrasse força política em um cenário nada positivo para sua reeleição. Uma foto de Bolsonaro com um mar de gente era o que ele precisava para fortalecer o argumento de que as pesquisas são falsas e, caso ele não ganhe as eleições, de que o pleito foi roubado.
A meta do encontro foi atingida. Um mar de gente acompanhou o discurso do presidente em Brasília e no Rio de Janeiro. Bolsonaro atacou o Datafolha, disse que o “Datapovo” é o que mostra quem vai vencer o pleito deste ano e, mais uma vez, fez ameaças golpistas contra a democracia. O presidente fez tudo o que era esperado, só esqueceu de citar a data em si, que comemora a independência de um país, e não de um projeto político criminoso como o dele.
O foco da campanha de Bolsonaro é atingir as pessoas que ainda sentem vergonha de apoiar o presidente pelos absurdos que ele representa. O intuito é criar o sentimento de que se a maioria está apoiando, eu também posso apoiar. O tão conhecido efeito manada. Duvido muito que essa estratégia traga novos eleitores ao presidente, além de sua fiel base. As próximas pesquisas mostrarão este cenário.
O que precisamos entender é que 30% de apoiadores em um país de quase 215 milhões de pessoas é muita gente. Bolsonaro se tornou o grande líder para a maioria da direita brasileira e, mesmo nos momentos mais críticos da sua gestão, como os crimes cometidos na pandemia da Covid-19, ele nunca perdeu apoio deste segmento.
Para essa parcela, que oscila entre 29 e 32% da população, o presidente pode cometer as mais absurdas arbitrariedades que a culpa continua sendo do STF e do Lula. Nunca dele.
Agora, mesmo sendo muita gente, mesmo eles sendo organizados, mesmo eles tendo a máquina do Estado na mão, 30% não determina eleição. O presidente continua em segundo lugar nas pesquisas e, ao que tudo indica, vai perder as eleições para aquele que que é o seu maior inimigo: o ex-presidente Lula.
Não se deixem enganar. O mar de gente que vimos neste 7 de setembro continua sendo uma minoria. Uma minoria de muita gente e muito barulhenta, mas uma minoria. Os 70% que Bolsonaro não tem, e que acredito que ele não vai conquistar, é quem vai definir o futuro deste país. São os 70% que, apesar de divergirem entre si, defendem a democracia e olham para os problemas reais do país.
O datapovo de Bolsonaro pode continuar gritando. Os dias dessa gente estão contados.