6 livros de autores trans e travestis sobre identidade e resistência
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6 livros de autores trans e travestis sobre identidade e resistência

Em celebração ao Dia Nacional da Visibilidade Trans e Travesti, comemorado em 29 de janeiro, destacamos obras literárias importantes que oferecem uma visão íntima e única da experiência trans e travesti no Brasil. A data visa conscientizar a sociedade sobre os direitos e a dignidade dessa comunidade, promovendo o reconhecimento das lutas enfrentadas por estas pessoas.

Embora a população trans ainda enfrente grandes obstáculos, o campo literário tem sido uma plataforma essencial para expressar vivências, fomentar o debate sobre identidade e evidenciar a diversidade e a inclusão. A especialista Amara Moira, do Museu da Diversidade Sexual, aponta que houve um aumento significativo de publicações de autores trans nos últimos anos.

De acordo com seus dados, mais de 60 dessas obras foram lançadas entre 2017 e 2021, refletindo um movimento de crescente visibilidade no cenário literário. Para celebrar a data, selecionamos seis livros que trazem relatos poderosos e emocionantes de escritores transexuais e travestis.


"Neca: Romance em bajubá", de Amara Moira
Em seu mais recente lançamento, Amara Moira, escritora, ativista, doutora em Teoria Literária pela Unicamp e Coordenadora de Educação, Exposições e Programação Cultural do Museu da Diversidade Sexual, conta a história de uma travesti que reencontra um amor antigo, que atualmente começou a trabalhar nas ruas. Revisitando o passado, a protagonista embarca em uma jornada de lembranças, memórias e aprendizados sobre o tempo em que trabalhou como prostituta no Brasil e na Europa. A obra é escrita inteiramente em bajubá (ou pajubá), dialeto criado pelas travestis décadas atrás.

"Bajubá Odara", de Jovanna Baby
O livro Bajubá Odara é uma publicação de autoria de Jovanna Baby, idealizadora e fundadora do Movimento Trans do Brasil. A obra traz uma versão expandida e mais completa de Diálogo das Bonecas, de 1992, que foi o primeiro dicionário da língua criada pelas travestis brasileiras, o bajubá. Bajubá Odara ainda tem relatos sobre o nascimento do movimento político e social organizado por travestis no Brasil, entre 1910 e 1992.

"A queda para o alto", de Anderson Herzer
A obra reúne as poesias e textos biográficos de Anderson Herzer, o primeiro autor transexual publicado no Brasil, com relatos sensíveis sobre sua difícil história de vida permeada por abandono familiar, uma infância marginalizada, preconceito e os maus-tratos que sofreu na antiga FEBEM durante a ditadura militar, até encontrar a pessoa que o ajudou a conquistar a liberdade, Eduardo Suplicy, à época deputado estadual de São Paulo. É um livro impactante, comovente e profundo, que preserva a memória de um poeta talentoso, cuja escrita continua sendo inspiradora até os dias de hoje.

"Velhice transviada: memórias e reflexões", de João W. Nery
Esse foi o último trabalho do escritor e psicólogo João W. Nery, o primeiro homem trans a realizar a cirurgia de redesignação sexual no Brasil, país onde a expectativa de vida de uma pessoa transexual não é muito alta. Por isso, João decidiu escrever sobre suas reflexões e experiências na velhice, e como foi sua trajetória de vida até se tornar um “transvelho”, termo que ele mesmo criou. O livro também conta com entrevistas e histórias de outras pessoas transexuais idosas compartilhando suas memórias e vivências.

"Eu, travesti: memórias de Luísa Marilac", de Luísa Marilac e Nana Queiroz
A artista, comunicadora e ativista Luísa Marilac, que viralizou na internet com um vídeo de seu bordão “E disseram que eu estava na pior”, conta sua história de superação após sofrer com a falta de afeto familiar, episódios de violência e o sofrimento na época em que se tornou uma vítima de tráfico sexual na Europa. Combinando o humor presente em sua personalidade com relatos sensíveis e emocionantes, ela revela como se manteve esperançosa com uma vida que era sem perspectiva, até dar a volta por cima e alcançar a felicidade.

"A construção de mim mesma", de Letícia Lanz

Letícia é psicanalista, palestrante, mestra em sociologia e especialista em gênero e sexualidade. Nesta obra, ela conta sua história de vida e como foi o seu longo processo de autodescoberta como uma mulher transgênero aos cinquenta anos de idade, após se ver em uma cama de UTI. Narrando suas reflexões, medos e experiências, Letícia nos convida a refletir sobre aceitação, os estigmas de gênero implantados pela sociedade e a liberdade de finalmente conseguir ser quem é.

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