Rodrigo Fagundes está em alta na TV Globo pelo papel como o irreverente Gigi em 'Volta por Cima', personagem que transmite autenticidade e liberdade, características que o ator só foi conseguir incorporar plenamente mais tarde na vida. Em uma entrevista ao UOL Splash, Fagundes compartilhou suas dificuldades ao lidar com a sua orientação sexual durante a juventude, revelando o medo de ser rejeitado, principalmente em um contexto familiar difícil.
Natural de Juiz de Fora (MG), Fagundes lembra da relação conturbada com seu pai, um ex-sargento que tinha uma visão muito machista, o que o fez reprimir a sua identidade até os 20 anos. O ator, no entanto, destacou o impacto positivo que a arte teve em sua transformação pessoal, explicando que o ingresso no teatro e na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL) foi crucial para aceitar quem ele realmente era.
Na interpretação de Gigi, Fagundes buscou referências da cultura pop, como Scarlett O'Hara, Clodovil e Maggie Smith, para construir um personagem único, que ao mesmo tempo mescla glamour e sofisticação. "Ser gay é apenas um fato", afirma ele, destacando que Gigi representa muito mais do que isso. Ele também revelou que a personagem foi desenvolvida com a colaboração do autor Wendell Bendelack, com quem é casado há mais de 20 anos.
Rodrigo também relembra a época em que sua carreira estava marcada por papéis estereotipados em humorísticos, como o personagem Patrick no Zorra Total. "As pessoas me chamavam apenas para fazer personagens gays clichês, o que me fez me afastar desse tipo de papel", diz ele, ressaltando que ser gay é uma parte de quem ele é, mas que ele queria ser reconhecido por sua versatilidade como ator.
Ao refletir sobre sua trajetória, Fagundes expressa a satisfação de, finalmente, estar se destacando em novelas de peso, após anos de críticas sobre sua "limitação" a papéis de comédia. Hoje, ele se sente realizado, especialmente ao ver que sua dedicação ao trabalho de ator foi reconhecida, superando as dificuldades iniciais da carreira.