"Meu amor,
eu sou travesti, eu sou trans. Tá tudo bem, eu parecer o que eu sou!" Esse foi o posicionamento da modelo e apresentadora Maya Massafera em recente relato nas redes sociais. A influencer publicou a fala emocionante sobre sua transição na manhã de quinta-feira (20), mas acabou levantando uma dúvida quanto a alguns termos, como a diferença entre uma pessoa trans e uma pessoa travesti.
O iG Queer
separou a diferença entre essas terminologias.
Antes de mais nada, é importante entender que a identidade de gênero possui uma variedade de espectros que fogem da binaridade (a existência apenas de homem e mulher), o que reflete no surgimento de diferentes grupos minoritários.
A identidade de travesti, por exemplo, é uma construção histórica e culturalmente específica, particular da América Latina. Por muito tempo, houve a crença equivocada de que uma mulher trans era uma “mulher operada”, enquanto a travesti era vista como alguém que não havia feito cirurgia e se parecia mais com homem. Entretanto, esse pensamento é completamente errado. Entender que as identidades de gênero não estão vinculadas a características físicas ou cirurgias é fundamental para o reconhecimento das pessoas trans e travestis.
Pessoa trans
Uma pessoa trans é alguém que não se identifica com o gênero atribuído a ela ao nascer. Este termo inclui identidades dentro do espectro binário de gênero, ou seja, alguém que se identifica como homem ou mulher. No caso de uma mulher trans, ela foi designada como homem ao nascer, mas, com o passar do tempo, se identifica e vive como mulher.
É importante ressaltar que a identidade trans não está necessariamente ligada à realização de cirurgias de adaptação de gênero. Acreditar que uma mulher trans precisa ter feito cirurgia para ser reconhecida como tal é um equívoco. A identidade como mulher trans é válida independentemente de modificações corporais.
Travestis
A identidade de travesti tem um reconhecimento específico, principalmente na América Latina, e carrega um histórico de repressão e marginalização. A travesti pode se posicionar além do binarismo de gênero.
Em 2022, o termo ganhou grande repercussão com a participação da cantora Linn da Quebrada no "Big Brother Brasil", quando a artista afirmou: "Não sou homem, nem sou mulher. Sou travesti." A identidade de travesti transcende as definições simplistas de gênero e não depende de cirurgias ou da aparência física. Esse termo foi muitas vezes utilizado de forma pejorativa, mas atualmente é ressignificado como uma identidade de resistência e autoafirmação. Um ato muito ligado a luta pela identidade de gênero.
Drag queen
Ainda que não tenha nenhuma conotação de identidade de gênero, o termo é comumente confundido. As drag queens são performers, que podem ser homens, mulheres ou pessoas não-binárias, que se vestem e se maquiam com um estilo para representar sua arte.
Geralmente essas roupas, acessórios e maquiagens são mais exageradas e chamativas, dependendo do estilo da drag. Essas aristas se apresentam cantando, dançando, fazendo lipsync, ou apenas desfilando. A arte drag é múltipla.
Além de não ter ligação com a identidade de gênero, ela também não está relacionada com a sexualidade, sendo feita por todas as letras da sigla LGBTQIAPN+ e até de fora, como homens e mulheres cis héteros.