Após o fim das gravações do longa "Garota da Moto", em 2020, Maria Casadevall viveu um hiato na carreira de atriz. Para a artista, que ganhou fama em novelas da Globo, esse período longe das telas foi importante para seu processo de autoconhecimento e, inclusive, para que se assumisse lésbica.
Ela, que no início da carreira teve um relacionamento com o ator Caio Castro e hoje namora a musicista Larissa Mares, disse ao O Globo que acredita ter vivido uma "heterossexualidade compulsória". O artista foi seu par romântico nas novelas "Amor à Vida" (2013) e "I Love Paraisópolis" (2015), ambas da Globo.
"É um sistema patriarcal e, conforme eu questionava isso, percebia o nível de violência contra mim. Porque sempre vivi experiências homoafetivas, mas achava que a heterossexualidade era a norma. Aos 19 anos, eu me apaixonei pela primeira vez por uma mulher, mas nunca tinha assumido uma relação", contou.
Afastada da TV, Casadevall chegou a repensar se queria mesmo ser atriz. "Cheguei a me perguntar se queria continuar a ser atriz", revelou. "E acabei me reconhecendo como uma criadora. Tinha dificuldade de me entender como alguém capaz de explorar outras possibilidades de criação. Este sempre foi um lugar reservado aos homens, sobretudo brancos", disse a paulistana de 36 anos.
O retorno aos trabalhos, no entanto, veio no final de 2023 com a série "Rio Connection", do Globoplay. Mas ela também tem outros planos: quer escrever, dirigir, cantar. Maria agora está em cartaz com "Camilo", peça do dramaturgo e diretor trans Daniel Veiga, na qual ele aborda seu próprio processo de transição de gênero.
O elenco da peça é majoritariamente trans, e Maria é única pessoa cisgênero. "Tudo isso é um estado de provocação, né? Já me nutre e me incentiva a retornar ao trabalho a partir de um lugar mais autêntico, mais alinhado comigo e com as coisas que estão vibrando dentro de mim", acredita ela.
Quer ficar por dentro das principais notícias do dia? Clique aqui e faça parte do nosso canal no WhatsApp