Ana Paula Valadão é condenada a pagar R$ 25 mil por danos morais após associar o HIV e a AIDS a casais gays
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Ana Paula Valadão é condenada a pagar R$ 25 mil por danos morais após associar o HIV e a AIDS a casais gays

A cantora e pastora Ana Paula Valadão foi condenada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) a pagar uma indenização de R$ 25 mil à Aliança Nacional LGBTI , uma organização que defende os direitos da comunidade, após associar a AIDS a casais gays. Entretanto, ela não é a única da família Valadão a fazer comentários de cunho homofóbico.

A família Valadão é extremante conhecida no Brasil devido à sua forte influência no meio evangélico. Além de liderarem a Igreja Batista da Lagoinha, com a sede em Belo Horizonte, a família possui um dos mais famosos grupos de música gospel do país: o Diante do Trono.

A Igreja da família Valadão possui mais de 700 unidades, em mais de 13 países. A família é formada pelo patriarca Márcio Valadão, que liderava a instituição religiosa por mais de 50 anos, quando saiu em 2020. Ele é casado com Renata Valadão, com quem teve Ana Paula,  André e Mariana. 

O grupo musical liderado por Ana Paula possui mais de 1 milhão de ouvintes mensais no Spotify e músicas que ultrapassam 24 milhões de streams, sendo um dos maiores sucessos evangélicos do país.

Veja alguns dos casos de homofobia feitos pela família de evangélicos:

Em 2016, Ana Paula Valadão pediu que seus seguidores do Facebook boicotassem a loja de departamento C&A devido a uma propaganda da marca. Na época, circulava uma iniciativa da empresa de fazer o “Dia do Misturado”, em que um casal entrava em uma cabine telefônica e, quando se beijavam, as roupas deles trocavam, com o rapaz ficando com as roupas da namorada e ela com as dele. Na publicação, Ana Paula diz: “Nós que conhecemos a Verdade imutável da Palavra de Deus não podemos ficar calados Temos que boicotar essa loja e mostrar nosso repúdio”, puxando as hashtags “SouFemininaVistoComoMulher”, “HomemVesteComoHomem”, “UnisexNãoExiste” e “DeusFezHomemEMulher”. (Reprodução)
Em 2021, o pastor André Valadão, após envolver-se em uma controvérsia com a comunidade judaica devido a comentários preconceituosos, foi acusado de proferir declarações homofóbicas, gordofóbicas e de apoiar a violência policial de forma rotineira, conforme reportado pela colunista Fábia Oliveira. As atitudes de Valadão não foram vistas como casos isolados, mas como um padrão recorrente em sua conduta. Ele expressou abertamente sua oposição às relações homoafetivas, que considera pecaminosas, e a presença de homossexuais em igrejas cristãs. Além disso, em uma interação com outro pastor que o criticou, Valadão respondeu de forma gordofóbica, sugerindo que o crítico deveria "fechar a boca" e jejuar. (Reprodução)
André Valadão fez uma pregação em junho de 2023 na Igreja Lagoinha em Orlando, em que condenou a palavra “orgulho”. Na pregação que durou cerca de 50 minutos, o pastor afirmou: “Deus odeia o orgulho. Deus não tolera. Uma das palavras mais difíceis para Deus é orgulho. Deus odeia, ele repugna, qualquer atitude de orgulho. Só o uso da palavra orgulho Deus já abomina”, além de dizer que o mês de junho é o “mês que Deus mais repugna na humanidade”, fazendo referência ao mês do Orgulho LGBTQIAPN+. (Reprodução)
André Valadão  insinuou em um culto em 2023 que os fiéis deveriam partir “para cima” de pessoas LGBTQIAPN+. Segundo ele, é “a hora de tomar as cordas de volta e dizer: Pode parar, reseta! Mas Deus fala que não pode mais. Ele diz, ‘já meti esse arco-íris aí. Se eu pudesse, matava tudo e começava de novo. Mas já prometi pra mim mesmo que não posso, então agora tá com vocês’”. Após o vídeo, ele afirmou que não estava incitando a violência: “Mas não digo em nós matarmos, nós aniquilamos pessoas, digo que cabe a nós levar o homem, o ser humano ao princípio daquela que é a vontade de Deus",  (Reprodução)
O pastor líder da Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte, André Valadão, afirmou em 2020 que em um story que a igreja não seria lugar para pessoas LGBTQIAPN+. Na publicação ele escreveu: “Entendi. São gays. A igreja tem um princípio bíblico. E a prática homossexual é considerada pecado. Eles podem ir para um clube gay ou coisa assim. Mas, na igreja, não dá. Esta prática não condiz com a vida da igreja. Tem muitos lugares que gays podem viver sem qualquer forma de constrangimento. Mas na igreja é um lugar para quem quer viver princípios bíblicos. Não é sobre expulsar. É sobre entender o lugar de cada um". (Reprodução)


Julgamento

A cantora gospel e pastora Ana Paula Valadão, de 47 anos, foi condenada por danos morais coletivos após fazer um discurso de teor homofóbico e contra pessoas com o vírus HIV. A evangélica deverá pagar uma multa de R$ 25 mil após associar a AIDS a casais gays. 

A ação foi movida pela Aliança Nacional LGBTI, uma organização que defende os direitos da comunidade.

A declaração foi dada pela cantora em 2016, em um congresso que foi transmitido pela internet e em um canal de televisão. Na época, Ana Paula Valadão afirmou que as relações homoafetivas são anormais e associou o surgimento da HIV e da AIDS a casais gays.

A cantora disse na época: "Está aí a aids para mostrar que a união sexual entre dois homens causa uma enfermidade que leva à morte, contamina as mulheres, enfim… não é o ideal de Deus”.

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