Os museus do Reino Unido receberam um novo guia de diretrizes sobre como oferecer uma experiência mais inclusiva para crianças trans.
Chamado “ Cultura Trans Inclusiva: Orientações sobre o avanço da inclusão trans para museus, galerias, arquivos e organização patrimonial ”, o conjunto de 44 páginas dizem que os museus devem ser lugares “não apenas onde as crianças trans vão, mas onde elas querem ir”.
O livreto, publicado pela Universidade de Leicester, na Inglaterra, foi elaborada com o objetivo de incentivar os museus a ajudarem as crianças a explorarem a sua identidade de gênero e a “estimular explorações positivas do gênero”.
O Centro de Pesquisa de Museus e Galerias (RCMG, na sigla em inglês) da universidade incentiva as instituições de arte a usarem “cartazes, adesivos, bandeiras e crachás” para ajudar a incentivar crianças a “explorar a autoexpressão sem medo de represálias”.
As diretrizes ainda recomendam que as instituições forneçam acesso a banheiros e vestiários que se identifiquem com o gênero escolhido pelos visitantes e que os funcionários tenham cuidado para evitar palavras que possam ser ofensivas.
Entre as diretrizes oferecidas aos museus, é solicitado que – caso seja uma decisão da criança - não se peça para que ela “revele sua identidade”, mas que “reafirme sua identidade”, desde que a criança decida contar aos funcionários.
"Se uma criança optar por fazê-lo, é importante que sua resposta seja afirmativa e que você se lembre de que é a decisão da criança sobre se ela escolhe compartilhar essa informação com outras pessoas", diz a diretriz.
“Se você não tem certeza dos pronomes corretos de alguém, usar pronomes de gênero neutro é uma abordagem abrangente e introduzir seu próprio pronome comunica sua consciência trans. As organizações culturais podem desempenhar um papel importante para fazer com que as crianças, os jovens trans e os seus cuidadores se sintam bem-vindes, segures, valorizades e aceites.”
Além disso, as diretrizes ainda aconselham sobre convivência no ambiente de trabalho e que dormitórios e banheiros masculinos também forneçam produtos de higiene feminina.
As diretrizes são endossadas por várias organizações de grande porte, incluindo o Conselho Internacional de Museus do Reino Unido. a Federação Escocesa de Museus e as Associações de Museus, entre outras.
Críticas de conservadores
As diretrizes vêm com um alerta sobre o “clima de medo” criado, devido aos recentes movimentos anti-LGBTQ+. A diretora da organização sem fins lucrativos Sex Matters, Helen Joyce, em entrevista ao The Telegraph classificou as diretrizes como uma “obra de intolerância”.
"Eles tratam a crença de que há dois sexos como se fosse totalmente inaceitável", disse ela. "A inclusão na forma como os ativistas a usam invariavelmente significa exclusão. Exclusão de visões que não se conformam com uma ideologia em particular."
A autora feminista Joan Smith disse ao veículo britânico que a universidade está "criando problemas onde eles não existem". "Estão usando uma linguagem que só pode ser descrita como geradora de medo", disse ela.
Smith disse ainda que as diretrizes apenas "demonizam aqueles de nós que sabem que os seres humanos não podem mudar de sexo, e sinto pena dos funcionários de qualquer local que as adote".
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