Glenique Frank em entrevista à BBC no Reino Unido
Reprodução/BBC
Glenique Frank em entrevista à BBC no Reino Unido

A corredora transgénero Glenique Frank, 54, causou polêmica após disputar a categoria feminina na Maratona de Londres, e vencer quase 14 mil mulheres, na prova que aconteceu no último domingo (23).

A principal crítica a Glenique veio da maratonista olímpica Mara Yamauchi, que afirmou em sua conta oficial no Twitter que “os homens na categoria [feminina] são INJUSTOS para as mulheres”.

“Quase 14 mil mulheres reais perderam uma posição no final por causa de Frank”, continuou Yamauchi, que disse que mesmo quando ela estava em segundo lugar no mundo, na categoria feminina, “ao menos 1,3 mil homens corriam mais rápido”.

Glenique, por sua vez, disse estar disposta a devolver sua medalha de finalista caso seja necessário, mas que não pedirá desculpas, já que não fez nada de errado.

“Se eles realmente acharem que roubei o lugar [de uma corredora], não me importo de devolver a medalha, porque ano que vem voltarei a correr em prol da caridade”, disse ela ao The Post. "Mas não quero me desculpar, porque não fiz nada de errado."

Glenique ainda ressalta que lamenta o “incomodo” que causou aos seus críticos e que a maioria são “haters”.

“Eles estão com raiva porque estão dizendo que uma das 14 mil mulheres atrás de mim poderia ter ficado no meu lugar. Realmente? Eu fiz [a corrida em] 4 horas e 11 minutos. Tem muita mulher que me venceu”, destacou a corredora, que ficou em 6.159º lugar na categoria feminina.

Tweet de Mara Yamauchi comentando entrevista à BBC
Reprodução/Twitter
Tweet de Mara Yamauchi comentando entrevista à BBC

Ela continua dizendo que entende “não sou mulher, não tenho útero”, e diz planejar pagar cerca de US$ 20 mil em cirurgias de redesignação no próximo anos, mas que não está roubando o dinheiro de ninguém, já que suas competições não fazem parte da elite e corre por caridade.

A indignação de Yamauchi veio após uma entrevista de Glenique à BBC do Reino Unido após o final da prova. Na entrevista, que viralizou nas redes sociais, a corredora aparecia enrolada a uma bandeira trans, dando créditos ao “poder feminino”.

Outro ponto apontado por Yamauchi é que Glenique havia competido em provas anteriores na categoria masculina e mudado para a feminina poucos meses depois. Glenique enfatizou, no entanto, que Londres foi a primeira, de 17 maratonas que planeja competir, na quaal ela pôde escolher seu próprio nome e sexo.

Toas as outras grandes maratonas – Tóquio, Boston, Berlim, Chicago e Nova York – a forçaram a se registrar com o nome e gênero em seu passaporte.

Glenique Frank participa de outras competições
Reprodução/Instagram

Glenique Frank participa de outras competições

“Quando entrei na Maratona de Londres, dizia 'feminino', 'masculino' ou 'outro'”, disse ela sobre o formulário de inscrição. “Eu marquei 'feminino' porque me vejo como mulher”, continuou ela, dizendo ser “muito triste” que alguém tenha que se descrever como “outro”.

Ela jurou que ela nunca teve a intenção de enganar ninguém e seguirá todas as regras em vigor em qualquer corrida. Mesmo nas provas anteriores, que teve que competir como homem, Glenique aparece usando um top esportivo vermelho com seios postiços.

“Sei desde os 5 anos que estava no corpo errado”, desabafou sobre a dor de levar “uma vida dupla”. Ela ainda conta que era apelidada de “Psycho”, antes de fazer a transição há cerca de três anos e que seu nome é a junção de Glen e “Unique” (Única, em inglês).

Ela ainda escreveu para Yamauchi, dizendo: “Não estou em vantagem, pois tenho um nível de testosterona muito baixo devido à terapia de reposição hormonal”.

Agora Glenique planeja apenas continuar seu hobby, dizendo: “Sou simplesmente abençoada por poder viajar pelo mundo, correr e arrecadar dinheiro em todas essas maratonas”.

Desta vez, porém, ela afirma que “vou entrar como 'outro' ou 'masculino', apenas para deixar todo mundo feliz”. “E eu ainda vou fazer isso em 4 horas e não vou roubar o dinheiro de ninguém”, brincou ela.

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