Política de extrema-direita israelense sugere que médicos possam recusar atendimento a pessoas LGBTQ+ e causa revolta
Bjorn Christian Finbraten/flickr
Política de extrema-direita israelense sugere que médicos possam recusar atendimento a pessoas LGBTQ+ e causa revolta

Orit Strock , membro do Partido Sionismo Religioso de extrema-direita , disse em uma entrevista para uma rádio que médicos poderão recusar atendimentos em casos que venham contra suas crenças religiosas, o que incluiria o tratamento a pessoas LGBTQ+ .

Segundo o The Times of Israel , as novas medidas propostas seriam trazidas como parte dos acordos de coalizão do novo governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu , como parte das reformas da lei antidiscriminação de Israel.

Strock disse que as leis permitiriam que os profissionais médicos recusassem o serviço se violassem suas crenças religiosas, desde que houvesse outro médico que pudesse fornecer tratamento.

“As leis antidiscriminação são justas e corretas quando criam uma sociedade justa, igualitária, aberta e inclusiva”, disse Strock, que acrescentou: “Mas há um certo desvio em que a fé religiosa é pisoteada e queremos corrigir isso”.

Em seu Twitter, ela disse que não se referia a indivíduos LGBTQ+, mas se referia a procedimentos médicos que seriam considerados objeções religiosas, sem especificar de quais tratamentos se referia durante a entrevista.

Em tweet ela escreveu que as pessoas LGBTQ+ são “seres humanos” e “merecem respeito”. Mas enfatizou que os médicos não devem ser “forçados” a fornecer tratamento médico ao qual se opões religiosamente, “independentemente da identidade do paciente”.

O primeiro-ministro Netanyahu descreveu os comentários de Strock como “inaceitáveis” e enfaticamente disse que os acordos de coalizão não permitem “discriminação contra pessoas LGBT ou por prejudicar o direito de qualquer cidadão em Israel de receber serviço médico”.

“O Likud (Consolidação, em hebraico) garantirá que não haverá danos às pessoas LGBT ou a qualquer cidadão israelense”, acrescentou Netanyahu.

O presidente israelense Isaac Herzog disse que uma situação em que os cidadãos se sentem “ameaçados devido à sua identidade ou crenças nega os valores democráticos e morais básicos” do estado, segundo o  Israel National News.

“As declarações racistas ouvidas nos últimos dias contra a comunidade LGBT e em geral contra diferentes setores e comunidades me preocupam e me perturbam profundamente”, disse Herzog.

Herzog se opôs a qualquer declaração que “atue como base para a exclusão ou qualquer fenômeno que permita a discriminação”.

Mas o comentário de Strock não é o único a causar preocupação entre os ativistas de direitos humanos em Israel.

Outro legislador sionista religioso, Simcha Rothman , afirmou que, sob a nova mudança legislativa, proprietários de hotéis e outras empresas poderiam recusar quartos para pessoas LGBTQ+ por motivos religiosos.

“A lei estabelece que uma empresa não pode discriminar por uma ampla variedade de razões”, disse Rothman.

“Este projeto de lei [proposto por seu partido] não visa abolir a proibição geral de discriminação, mas diz que, quando houver um obstáculo religioso para alguém fazer algo, será permitido que ele retenha o serviço - em vez de forçá-lo a fazer algo que contradiz suas crenças.”

Hila Peer , presidente da Associação pela Igualdade LGBTQ em Israel, condenou os comentários de Strock e Rothman e descreveu a lei proposta como vergonhosa. Ela também pediu a Netanyahu que se opusesse à legislação.

“Strock e Rothman querem marcar as pessoas LGBT para que permaneçamos em nossas casas como nos dias sombrios da humanidade. Não vamos concordar com isso de forma alguma”, disse Peer.

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