Fábio Félix foi o deputado distrital mais votado da história da Câmara Legislativa do Distrito Federal
Reprodução/TV Globo 20.12.2022
Fábio Félix foi o deputado distrital mais votado da história da Câmara Legislativa do Distrito Federal

Fábio Félix (PSOL) foi o deputado distrital mais votado da história e, nesta segunda-feira (19), levantou com orgulho a bandeira LGBTQIA+ durante a própria diplomação que aconteceu na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). O parlamentar, que tem orgulho de dizer que é um homem gay, foi recebido com vaias e aplausos durante a cerimônia.

O parlamentar reeleito recebeu 51.792 votos nas eleições de outubro deste ano e foi o único a discursar na tribuna representando todos os demais diplomados. Antes de receber o certificado, a plateia cantava "ei, facista, segura essa vitória. Um LGBT é o mais votado da história".

Em seu dicurso, Fábio dedicou aquele momento à família e ao marido, Leonardo . O deputado falou sobre ser assumido e ter recebido a maior votação registrada em todos os processos eleitorais, o que -- segundo ele -- seria motivo de orgulho para ele e centenas de milhares de pessoas do DF.

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"É a demonstração de que a democracia não morreu. É só com ampla democracia que conseguiremos eleger mais mulheres, LGBTs, negros e indígenas e teremos representantes mais parecidos com a cara da maioria dos trabalhadores", disse.

Logo em seguida, o parlamentar também não poupou críticas ao governo de Jair Bolsonaro (PL), o que provocou a vaia de vários opositores que estava ali presentes. A senadora Damares Alves (Republicanos), que foi ministra da mulher do atual governo, também estava presente para ser diplomada.

"É só a democracia que permite que um presidente abertamente homofóbico seja não só sucedido pelo seu principal opositor, mas que a própria homofobia tenha se tornado crime neste período. E que seja hoje tão difícil de se defender em público quanto ao racismo e machismo", declarou.

Fábio também lembrou sobre as fake news, os ataques massivos às urnas eletrônicas e ao processo eleitoral brasileiro e não deixou de citar os atos de vandalismo que ocorrem em Brasília na noite do dia 12 de dezembro, quando integrantes dos acampamentos golpistas contrários à diplomação do presidente Lula destruíram carros, queimaram ônibus e quebraram estabelecimentos comerciais na cidade.

"O golpismo que fez da Praça dos Cristais um polo de autoritários inconformados não se esconde convocações a golpes de estado e à violência direta são feitas a plenos pulmões e vergonhosamente toleradas em nossa cidade, que viveu uma tragédia de terror na noite do dia 12. É o ódio antidemocrático que fez explodir a violência. O compromisso da defesa da Constituição de 88, que todos nós, eleitos e eleitas, deve ser colocado em prática com lealdade."

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"O deputado distrital com a maior votação registrada em todos os processos eleitorais é um LGBT assumido. Isso é histórico e motivo de orgulho para mim e para centenas de milhares de pessoas do DF. É a demonstração de que a democracia não morreu. É só com ampla democracia que conseguiremos eleger mais mulheres, LGBTs, negros e indígenas e teremos representantes mais parecidos com a cara da maioria dos trabalhadores.

Um LGBT pode atuar e representar muitas pautas como fizemos neste últimos quatro anos. É só a democracia que permite que um presidente abertamente homofóbico seja não só sucedido pelo seu principal opositor, mas que a própria homofobia tenha se tornado crime neste período. E que seja hoje tão difícil de se defender em público quanto ao racismo e machismo (vaia). Mas ainda vivemos tempos muito duros. Estamos em um dos países que mais mata LGBTs do mundo. Ao lutarmos por representatividade, cidadania e políticas públicas, defendemos nosso direito básico e inegociável: a vida.

A democracia é regime de conquista, não de concessões. A realização de eleições limpas, justas e transparentes é um direito conquistado pelo povo brasileiro, que a justiça eleitoral organiza de forma auditável e com confiabilidade reconhecida internacionalmente. Os servidores e membros da Justiça Eleitoral e do Ministério Público merecem os maiores reconhecimentos públicos pelo excelente que há décadas realizam. O trabalho das senhoras e senhores orgulham o nosso povo. 

Essa tarefa, infelizmente, se tornou mais trabalhosa em razão da intensa campanha de descredibilização das urnas eletrônicas promovida por representantes do extremismo antidemocrático (vaia). Alguns deles proeminentes, que também são diplomados na cerimônia de hoje, a disseminação de mentiras, discurso de ódio, a inflamação do machismo, do racismo e da LGBTfobia como práticas políticas ainda permanecem. São falas que legitimam violências contra os mais vulneráveis disseminadas na nossa sociedade, ainda profundamente desigual. Aqueles que espalharam mentiras sobre as urnas eletrônicas, com sua presença, reconhecem que essas urnas reelegeram o governador do DF e as mesmas que elegeram o presidente Lula e a todos em diferentes cargos públicos.

Essa solenidade pública atesta o fracasso de quem trabalhou para sabotar o processo eleitoral brasileiro e a vitória de quem defendemos verdadeiramente as liberdades democráticas, a fim de que, se derrotados, estivessem melhores condições de se impor pela força. O golpismo que fez da Praça dos Cristais um polo de autoritários inconformados não se esconde convocações a golpes de estado e à violência direta são feitas a plenos pulmões e vergonhosamente toleradas em nossa cidade, que viveu uma tragédia de terror na noite do dia 12. É o ódio antidemocrático que fez explodir a violência. O compromisso da defesa da Constituição de 88, que todos nós, eleitos e eleitas, deve ser colocado em prática com lealdade. 

É com ampla participação popular, com a firme manifestação de ideias e propostas comprometidas com o interesse público e a vontade popular que honramos a nossa votação. Fomentar violência, ódio e intolerância não cabem no regime da soberania popular. Não é tolerável que nossa cidade, capital da República, receba um acampamento cuja única pauta e reinvidicação é destruir a democracia e impedir a posse dos eleitos. Não é admissível que não haja uma pessoa responsabilizada até aqui pelos atos violentos e abertamente antidemocráticos praticados no dia 12.

Essa diplomação é mais do que a certificação da vontade popular expressa nas urnas em outubro. É a celebração da vitória daqueles que defendem verdadeiramente as liberdades democráticas. E saibam: trabalharemos junto com todas as esferas do poder público para que haja responsabilização dos golpistas. Justiça de transição é urgente para que criminosos não tentem novamente sabotar nossa democracia. 

Encerro este pronunciamento agradecido pelo privilégio que o povo do DF me deu de exercer mais um mandato parlamentar e afirmando que honrarei com independência, coragem e altivez este mandato. Tenho orgulho em dizer que, mesmo em meio a tanto autoritarismo e fundamentalismo, um gay assumido é o deputado distrital mais votado do DF"

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