Igreja da Escócia permite casamento entre pessoas do mesmo sexo
A Igreja da Escócia votou para permitir que o clero possa realizar casamentos homoafetivos pela primeira vez
Os membros da Assembleia Geral em Edimburgo votaram para mudar a lei da igreja após anos de campanha. Isso significa que casais do mesmo sexo poderão se casar na igreja em cultos conduzidos pelos resposáveis do local. Os ministros e diáconos poderão se candidatar para se tornarem celebrantes do casamento de pessoas do mesmo sexo, mas não serão forçados a participar.
O Reverendo Dr. Iain Greenshields, moderador da Assembleia Geral, disse à BBC News que: "A Igreja da Escócia é uma igreja ampla e há opiniões diversas sobre o tema do casamento entre pessoas do mesmo sexo entre seus membros. A votação que aconteceu revela isso, com 274 votos a favor e 136 contra.
"Tem havido uma longa e profunda discussão sobre este tema por muitos anos em todos os níveis da Igreja para encontrar uma solução que respeite a diversidade e valorize as crenças de todos".
"A Igreja está empenhada em assegurar que os debates sobre este tema sejam realizados num espírito de humildade e graça, o tom e o teor das discussões sejam civis e as pessoas respeitem aqueles que têm pontos de vista opostos", completou.
Antes da votação de segunda-feira, os membros da assembleia expressaram uma série de opiniões sobre a mudança.
Entre eles estava o Reverendo Scott Rennie, que em 2009 se tornou o primeiro clérigo abertamente gay da Igreja da Escócia a ter sua nomeação aprovada, apesar dos protestos de algumas pessoas da igreja. Ele não pôde se casar com seu marido em uma cerimônia religiosa, como desejou.
Ele disse ainda à Assembleia Geral: "Espero sinceramente que a assembleia a encontre em si mesma para apoiar a libertação, mesmo aqueles que têm suas dúvidas".
Ele reconheceu aqueles dentro da Igreja que não apoiaram a questão.
Ele disse: "Quero dizer que o casamento é uma coisa maravilhosa. Meu casamento com meu marido Dave alimenta minha vida e meu ministério".
"Francamente, eu não poderia ser um ministro sem seu amor e apoio. É muito parecido com o casamento do sexo oposto em suas alegrias e suas glórias".
No ano passado, a Igreja Metodista tornou-se a maior denominação religiosa no Reino Unido para permitir casamentos entre pessoas do mesmo sexo. A prática não é permitida na Igreja da Inglaterra ou na Igreja Católica Romana, mas é bem-vinda na Igreja Episcopal Escocesa, na Igreja Reformada Unida e nos Quakers.
A Reverenda Susan Cord anunciou nas mídias sociais que já se candidatou para se tornar uma celebrante de casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Well, I may have gotten in too early, given the debate which is due @churchscotland #GA2022 in Legal Questions on Wednesday, but I've emailed the Principle Clerk's office requesting to be registered to conduct Same sex weddings. #LoveIsLove
— Susan Cord 🌻 (@sue_cord) May 23, 2022
"Bem, eu posso ter me antecipado demais, dado o debate que está previsto @churchscotland #GA2022 em Questões Jurídicas na quarta-feira, mas enviei um e-mail ao Escritório do Secretário Principal solicitando ser registrada para realizar casamentos do mesmo sexo. #LoveIsLove", dizia o tweet.
A ministra de Killearnan & Knockbain paróquias perto de Inverness disse à BBC Escócia: "Nós fazemos uma escolha com base no que as Escrituras nos dizem. Haverá colegas que decidirão não realizar essas cerimônias e eu respeitarei isso.
"Mas para mim trata-se de escolha e se um casal, independentemente do sexo, seja homem e homem, mulher e mulher ou homem e mulher, se eles se amam e querem mostrar compromisso, eu quero ajudá-los a fazer isso".
"Isto abre a escolha. As pessoas terão adiado o casamento em sociedades civis porque são a Igreja da Escócia e queriam esperar para se casar em sua própria igreja".
Entretanto, o processo não foi fácil até sua aprovação. A Covenant Fellowship Scotland, um núcleo de reflexão de evangélicos dentro da Igreja da Escócia, emitiu uma declaração acusando a Igreja de cometer um "grave erro".
No texto estava escrito: "A Assembleia Geral da Igreja da Escócia, ao converter uma abertura que permite que ministros e diáconos oficializem casamentos entre pessoas do mesmo sexo em um ato da Igreja, agiu de uma forma que é ao mesmo tempo, antibíblica e pecaminosa.
"Todos nós temos um profundo cuidado pastoral e preocupação com aqueles que desejam entrar em casamentos do mesmo sexo, e entendemos o impulso pastoral de ministros e diáconos que desejam ajudar as pessoas nos momentos-chave da vida.
"Mas devemos, contudo, apontar para a completa ausência de qualquer evidência bíblica convincente ou persuasiva que possa permitir que ministros e diáconos da Igreja da Escócia oficializem casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Esta decisão contradiz tudo o que a Bíblia tem a dizer sobre a natureza complementar de homens e mulheres, e do caráter e propósitos do casamento".
"Em vez de seguir os ensinamentos claros e inequívocos da palavra escrita de Deus, a Bíblia, a Igreja da Escócia continua a seguir a opinião popular".
Figuras públicas saudaram a decisão, incluindo a ex-líder conservadora escocesa Ruth Davidson, e a ex-líder trabalhista escocesa Kezia Dugdale, que estão ambas em relacionamentos com mulheres.
A Baronesa Davidson tweetou: "Encantada em ver que a Assembleia Geral da Igreja da Escócia votou para que os ministros pudessem realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
"Graças àqueles que demonstraram graça e cuidado enquanto a Igreja se aproximava cada vez mais deste ponto".
A Sra. Dugdale descreveu-o como "tremenda notícia e progresso".
Casamentos entre pessoas do mesmo sexo poderão ser realizados nos edifícios da Igreja da Escócia no final deste ano.
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