Vyni do ‘BBB’ 22: como pessoas LGBT podem se atrair por pessoas hétero

Nestes últimos dias, os possíveis sentimentos românticos do cearense pelo brother Eliezer viraram pauta nas redes sociais

Vyni e Eliezer fazem parte do grupo Pipoca
Foto: Reprodução/Globo
Vyni e Eliezer fazem parte do grupo Pipoca


Um dos assuntos do momento no que diz respeito ao ‘Big Brother Brasil’ 22 é a relação entre Vyni e Eliezer, ambos do grupo Pipoca. Após a festa desta quarta-feira (17), a probabilidade do cearense ter sentimentos românticos pelo amigo ganhou força nas redes sociais e gerou debates. Os dois cultivam uma amizade próxima há bastante tempo, e durante a festa Eliezer trocou beijos com Natália, que evoluíram para uma movimentação sob os edredons. Nesta ocasião, a sister até pediu que Vyni pegasse uma camisinha na dispensa. Os que acompanharam o episódio pelo pay-per-view viram que a situação abalou Vyni.

Durante a primeira festa do líder de Jade Picon no dia 9 de fevereiro, Linn da Quebrada tinha conversado com Vyni sobre os sentimentos dele por Eliezer. Momentos depois, ela foi conversar com Maria, que ainda estava na casa, e Brunna sobre isso. “Eu acho que o Vyni gosta do Eli. Acho que machuca ele, por isso eu fiquei triste e fui chorar naquela hora”, contou. 

Atrair-se por uma pessoa heterossexual já é tópico antigo entre pessoas LGBTQIAP+. Esse tipo de experiência não é incomum, e Fernando Bertozzi, homem gay que atualmente é membro da Secretaria de Cultura de Búzios, ressalta que a heteronormatividade pode ser um fator estimulante para esse tipo de ocasião.

“Pelo estereótipo masculino, muitos meninos gays têm uma probabilidade maior de sentir atração por meninos héteros. Mas isso, acredito eu, é porque vivemos numa sociedade heteronormativa que inferioriza o gay que não segue os padrões”, comenta. 

A psicóloga Samanta Silva Pereira Lima , por outro lado, ressalta que seres humanos desenvolvem sentimentos uns pelos outros por diferentes fatores, e não há uma explicação pautada totalmente na orientação sexual para determinar o motivo pelo qual pessoas LGBT se atraem por pessoas heterossexuais. 

“Os seres humanos se atraem uns pelos outros, sempre por algo que talvez lhe chame atenção. Desta forma, sendo LGBT ou não, pode-se considerar que alimentar ou incentivar tanto pode partir do desejo interno de aceitação da pessoa quanto de uma demonstração de carinho. Seres humanos têm sentimentos e sensações, e uma vez que eles sejam considerados saudáveis de forma biológica, psicológica e social, a alimentação e o incentivo parte do momento em que o outro permite. Independente da orientação, se o indivíduo permite algo, desde que aquilo não esteja sendo prejudicial a ele, ainda sim existe o direito de escolha entre alimentar, incentivar ou interromper o ato”, explica.

A situação entre Vyni e Eliezer tem dividido opiniões nas redes sociais. Há quem ache que o empresário está sendo irresponsável, já outros afirmam que essa é uma questão que Vyni precisa resolver consigo mesmo, pois Eliezer nunca forneceu alguma esperança para ele. 




Fernando Bertozzi pontua que Vyni é minoria na casa, principalmente levando em consideração que todos os casais que se formaram até agora – Jade e P.A, Lucas e Eslo e Eliezer e Natália, que tem se envolvido mais – são heterossexuais. 

“Existem três casais na casa, porque mais de 80% dos participantes é heterossexual. Isso já mostra que o LGBT é uma cota no elenco, o que não deixa de ter significado em termos de representatividade, mas não deveria ser apenas por isso. Acredito que essas situações impactam sim no psicológico das pessoas LGBT”, diz. 

Samanta ressalta ainda que a dificuldade de pessoas LGBTs em criarem relações pode estar ligada também aos conflitos internos que cada um possui. “O fator LBGTQIA+ não está diretamente relacionado com a dificuldade da pessoa estabelecer algum tipo relacionamentos ou não, mas sim relacionado aos conflitos internos que a pessoa possa ter vivido e não conseguido resolvê-los, sendo assim, é indiferente ser LGBTQIA+ ou não, pois a capacidade de se relacionar está ligada a como a pessoa vê o ser humano e a capacidade de conseguir se comunicar, então recomenda-se o tratamento psicológico para o reconhecimento do eu e do outro”, expõem.


** Estagiário das editorias Queer, Canal do Pet e Turismo desde 2021, Miguel Trombini já passou pelas editorias Delas e Receitas. Produz majoritariamente para a página LGBTQIAP+ do iG e utiliza um pouco da experiência como homem trans e gay para oferecer o conteúdo mais completo possível acerca da diversidade sexual e de gênero.