Curta o verão com estilo: como montar looks agênero perfeitos
A moda agênero permite que a estação mais quente do ano seja explorada sem rótulos ou estereótipos
O verão está vindo com tudo esse ano, esbanjando altas temperaturas e dias de sol forte em várias regiões do país. Durante a estação mais quente do ano, nada melhor do que investir em looks frescos e confortáveis. Para além dessa proposta, por que não investir em composições agênero? Livre dos rótulos de “masculino” e “feminino”, esse estilo confere a liberdade de usar o que quiser e como quiser, sem se preocupar com os estigmas e estereótipos. César Marques da Rosa, designer de moda, explica um pouco mais sobre esse conceito e chama a atenção para a importância de não confundir moda agênero com roupas unissex.
“A moda agênero é um reflexo da social, que defende as roupas de gênero neutro – um movimento que cresce a favor das modelagens únicas e o uso de qualquer cor. Exemplos de peças-chaves: camisas de corte reto, calças de alfaiataria, blazers, coletes, camisetas de corte mais estruturado, e sapatos loafers, mocassim, tênis esportivo, além de acessórios, como bolsas totes, bonés e joias simples, um bom óculos de sol em acetato preto sempre fecha o look. Porém, não vamos confundir: moda agênero não é unissex. Roupas unissex são criadas para serem usadas tanto por homens quanto por mulheres. Já as roupas criadas sem gênero não definem se a roupa é feminina ou masculina”, discorre.
Em vista de todas as demandas da época – conforto, principalmente –, a moda agênero pode ser uma forte aliada, como explica Michelle Torresi, coordenadora de estilo. “A liberdade de peças com modelagens oversized são imprescindíveis no verão, elas trazem mobilidade e liberdade a qualquer corpo. São peças que não ficam coladas ao corpo, mais confortáveis e leves para encarar as altas temperaturas da estação sem abrir mão do estilo”, diz.
E como valorizar um look agênero com as cores da estação? Karol Ribeiro, modelo plus size, conta sobre a experiência que possui dentro da indústria, ainda que não seja uma especialista no tema. Para ela, a moda agênero tem muito a ver com liberdade, portanto, acima das recomendações de paletas de cor, é preciso se sentir bem.
“Existem regras na moda que ditam quais cores favorecem mais sua beleza natural, assim como, regras que influenciam os tons que você deve vestir e combinar, mas sou contrária em certo ponto a esse conceito. Para mim, primeiro você deve se sentir feliz com a roupa e combinação de cores que está usando e, depois, pensar se seguem ou não alguma tendência ou regra. A regra mais importante é: se as cores que usa fazem sentido para você e te fazem sentir-se bem e feliz, são essas cores que deve apostar para ficar harmoniosa”, declara.
Porém, para quem deseja saber por quais cores é possível se guiar, César Marques indica algumas tonalidades que são tendência da estação e podem ser elementos-chave para compor um bom look agênero, mas reitera a importância de usar e abusar da liberdade que esse estilo proporciona: “As cores mais em evidência são: verde-bandeira, lilás, amarelo, rosa pink, azul klein, estampas de vaca, xadrez coloridos, branco, amarelo claro, tons terrosos e estampas gráficas. Mas, falando de moda agênero, as cores não importam muito. Na verdade, esse conceito de cores para definir feminino e masculino não se aplica na moda agênero. A moda sem gênero defende o uso de cores que a pessoa quiser usar porque ela pode vestir a cor que mais lhe agradar”.
Selecionadas as cores, vamos às peças. Montar uma composição agênero não precisa ser complicado, por isso o iG Queer questionou os especialistas sobre peças-chave que podem ser agregadas a um look agênero básico, confortável e bonito para o verão. Michelle, por exemplo, indica camisas de viscose e acessórios. “Use e abuse das camisas de viscose estampadas com uma calça jeans ballon fit, modelagem que abraça todos os corpos, agora para deixar o look ainda mais estiloso as bermudas de moletom com padronagens de estampas que remetem aos tecidos de alfaiataria. Um acessório que não podemos esquecer são os bonés snapback”.
Já César Marques ressalta que cortes simples e peças de linho, seda, algodão ou orgânicas também são bastante versáteis e ajudam a montar um look bem completo. “Sem dúvidas abusar dos cortes simples e estruturados, tecidos como linho, seda e algodão orgânico. Conjuntos de linho, em algodão e seda, além de frescos são materiais que com um bom cuidado duram muito, e nunca passam de moda. A principal recomendação é se jogar. Seja livre. A moda agênero é para quebrar estereótipos, ser totalmente neutro com modelagem para todos os tipos de corpos. A pessoa que compra, usa e se veste é quem a qual gênero pertence”, aconselha.
Para coroar qualquer composição, um bom par de sapatos é essencial. Karol Ribeiro comenta que algumas marcas, como as Havaianas, investem em produtos agênero, já outras empresas, não. “Uma das marcas pioneiras no Brasil em aplicar o conceito agênero nos calçados foi a Havaianas. Daqui para frente no site da Havaianas não terá distinção de feminino/ masculino. Além de mais de 20 linhas terem sua grade estendida até o 45/46. E modelos com glitter e tira mais fina também serão encontrados até o 44, mas isso ainda é uma exceção. Então, com pouquíssimas exceções, minha impressão é de que quem produz moda e tendências ainda irá demorar um pouco para se conscientizar de que não precisam mudar o estilo de roupa e/ou calçado que produzem em função do gênero. O conceito do agênero é que todos, independente do quanto calce e/ou vista tenham acesso aos produtos que buscam. Seja ele um scarpin com salto 15 ou uma bota de motociclista, por exemplo”.
Michelle, por sua vez, indica modelos simples, como tênis cano alto, como os clássicos da Vans, papetes e chinelos slides. Ela ainda acrescenta que muitas pessoas cometem o erro de quererem limitar as possibilidades dentro da moda agênero, algo que César Marques reitera.
“Não importa se a pessoa é alta, baixa, gorda ou magra. Dessa forma, teremos peças exatamente iguais, mas em tamanhos que vestem o feminino e o masculino, independentemente da altura, do peso ou da idade. A moda agênero é inclusiva, respeita a individualidade de cada ser humano e valoriza as diferentes estruturas físicas”, declara ele.
Karol também chama a atenção para o fato de que se vestir como quiser e como se sentir confortável é, também, um ato político. “Qualquer regra que limite um estilo de vestimenta, seja ele unissex, agênero, feminino ou masculino, deve ser repensado. Não há um erro que as pessoas não podem cometer ao se vestir com um look agênero. Existe o erro de as pessoas não encontrarem tudo o que quiserem vestir no seu tamanho, independente de sexo ou tamanho de roupa”.
Para garantir que não haverá erros ou equívocos na hora de montar um look agênero perfeito para o verão, César dá uma dica de ouro: “Vestir o que quiser, como quiser, quando quiser e na forma que quiser. Ninguém pode definir o que você pode ou não vestir. A moda agênero é para todas as pessoas que não se encaixam e não querem se encaixar em uma só, não existe certo e errado, existe muita individualidade e muita liberdade. É sobre se expressar e ser livre de rótulos”.