Antes dos temas relacionados à comunidade LGBTQIAP+ ganharem mais espaço e visibilidade, era comum que termos, frases e forças de expressão preconceituosas fossem livremente reproduzidas sem que a maior parte do público as questionasse.
Com as atuais discussões sobre os estereótipos enraizados ligados à comunidade LGBT, percebe-se que algumas músicas bem famosas tinham versos problemáticos que merecem ser refletidos e analisados.
Na letra, o cantor acaba colocando o envolvimento sexual de duas mulheres lésbicas de maneira fetichista, além de alimentar a ideia de que o sexo só é válido se tiver um pênis envolvido: “Subi no muro do quintal / Eu vi uma transa que não é normal / Eu vi duas mulheres / Botando aranha pra brigar / Vem cá mulher deixa de manha / Minha cobra quer comer sua aranha / Meu corpo todo se tremeu / E nem a cobra entendeu / Como é que pode duas aranhas se esfregando / Eu tô sabendo, alguma coisa tá faltando”
Durante a música, Axel Rose canta sobre “ser um garoto branco” em uma cidade pequena e fala sobre como se descobrir enquanto pessoa em uma metrópole, mas não gosta de ver pessoas “diferentes”, como negros, imigrantes e “bichas”: “Imigrantes e bichas / não fazem sentido para mim / eles vêm ao meu país / e acham que podem fazer o que quiserem / como começar um mini-Irã / Ou espalhar doenças / e falam de cada jeito / é tudo grego para mim”
A música chegou a ser uma trilha de novela da nove e é carregada de preconceitos e estereótipos relacionados à comunidade LGBT: “Mulher com mulher se beijando / Dois homens se acariciando, meu Deus, que decepção / Mas nesse mundo moderno não tem errado nem certo, achar ruim é preconceito / Mas não fujo à minha essência pra mim isso é indecência / Ninguém vai mudar meu jeito”
Um dos maiores artistas brasileiros, Tim Maia, possui uma música com versos LGBTfóbicos que não podem deixar de serem comentados: “Só não vale dançar homem com homem, nem mulher com mulher”. Nas festas LGBT, o público já passou a cantar "também vale dançar homem com homem e mulher com mulher"
Não foi a primeira nem a última vez que o rapper norte-americano usou gírias homofóbicas nas letras. Em ‘Rap God’, entre outras coisas, ele canta “vocês bichas acham que tudo é um jogo” (“you fags think it’s all a game”), e também “ainda serei capaz de quebrar a droga de uma mesa por trás de um casal de bichas e partir ao meio” (“I’ll still be able to break a motherfuckin’ table over the back of a couple of faggots and crack it in a half”)
Essa letra usa o termo ‘sapatão’ de forma bastante pejorativa. O sambista desconfia que a sogra seja lésbica apenas pelo fato dela fumar charuto, beber cachaça e ter bigode e pelos no peito. Isso reforça a ideia de que mulheres lésbicas obrigatoriamente possuem uma expressão de gênero alinhada ao masculino, fora o fato já citado de usar a palavra ‘sapatão’ como se fosse algo ruim