Para promover a inclusão de pessoas trans e transvestigêneres na pós-graduação, o Programa de Pós-graduação interunidades em Estética e História da Arte (PGEHA) da Universidade de São Paulo (USP) lança edital com política de ação afirmativa para seleção de Mestrado e Doutorado. O programa também é direcionado a pessoas negras, indígenas e portadoras de deficiência.
O programa deve disponibilizar 20% das vagas às cotas voltadas para essas populações e são destinadas para toda universidade. Os projetos interdisciplinares podem ser relacionados a áreas como marketing, dança, música, artes visuais, entre outras.
O processo seletivo será on-line. O valor da inscrição é de R$107, mas pessoas candidatas às cotas estão isentas de pagamento. As inscrições acontecem entre os dias 13 e 15 de outubro de 2021 com início das aulas em 2022. Clique aqui para ter acesso ao link de inscrições de cotistas para o programa de pós-graduação em Estética e História da Arte da USP .
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O projeto tem coordenação da Dra. Jane Marques e contribuição da mestranda Carolina Gracindo e da doutoranda e representante discente Aila Regina Silva. O intuito do programa é viabilizar que pessoas vastamente pesquisadas nas universidades, mas ausentes nas instituições, possam participar e ter um espaço para produzirem suas próprias histórias.
Ao iG Queer, Aila explica que esse é apenas o primeiro passo para garantir uma academia mais inclusiva e diversa. De acordo com ela, dados do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) apontam que 79,18% dos mestres brasileiros são pessoas brancas. Menos de 1% deles são indígenas. Dentro da população transgênero, travesti e transvestigênere, esse dado não existe.
“Quando a gente possibilita essa entrada, é uma fuga para se ter uma oportunidade. Essa metodologia facilitada com a bolsa pode ser a diferença para que aquela pessoa possa frequentar um curso e continuar seus estudos no ensino superior”, explica a representante.
A implementação de cotas em programas de pós-graduação federais se tornou lei em 2017 e já tem sido implementada pelas universidades. Aila afirma que essa ação tem dado frutos e que já existem diferenças significativas não apenas entre alunos, mas também entre professores.
“Essa ação aproxima professores, pesquisadores e pessoas que geralmente não estariam nesse ambiente. Elas precisam ser convidadas exatamente por suas singularidades, se não a gente reproduz a branquitude”, afirma.