A representatividade LGBTQIA+ em produções audiovisuais caminhou bastante ao longo dos anos, e atualmente podemos dizer que há certa quantidade de material dedicada a esta temática, especialmente no que diz respeito à liberdade sexual de homens gays. Mas para o diretor artístico Ale Monteiro, ainda há muitos estereótipos e retratos superficiais neste meio.
“A relação sexual entre homossexuais é sempre motivo de choque. Os tabus criados dizem que nós, gays, somos ninfomaníacos, fazemos tudo, topamos tudo e ficamos com qualquer um, o que não é a realidade. Tudo que o gay faz ganha conotação polêmica. Precisa-se criar a ideia de que gays se relacionam e vivem vidas normais”, aponta.
A desnaturalização de relações homoafetivas e aquileanas se reflete principalmente na falta de protagonismo de personagens gays, por exemplo, por isso as obras audiovisuais que colocam essa população no centro da trama são tão importantes. Neste Dia do Orgasmo, Ale indica seis filmes que deixam os tabus de lado e colocam as relações entre dois homens no centro da trama.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (dirigido por: Daniel Ribeiro)
O filme conta a história de Leonardo, um adolescente cego que enfrenta as barreiras da adolescência somadas aos obstáculos de ser uma pessoa com deficiência no Brasil. O longa trabalha as tramas de maneira leve e, quando um novo aluno, Gabriel, chega à sua escola, Leonardo começa a descobrir mais sobre si mesmo e sobre a própria sexualidade.
Para Ale, o filme tem uma dose importante de representatividade, pois “é na adolescência que costumam ocorrer novas descobertas, por vezes determinantes em nossas vidas e isso inclui a sexualidade. O filme retrata isso”, explica.
Moonlight: Sob a Luz do Luar (dirigido por: Barry Jenkins)
O filme conta a história de Chiron, um homem negro que percorre uma jornada de autoconhecimento enquanto tenta fugir do caminho tentador da criminalidade e o mundo das drogas em Miami. Além das pautas sociais bem definidas, o filme também mostra a descoberta de Chiron com relação à sua sexualidade. O longa levou o Oscar de melhor filme em 2017.
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Tatuagem (dirigido por: Hilton Lacerda)
Paulete, estrela de um grupo de teatro, recebe a visita do jovem Fininha, seu cunhado militar. Surge então um relacionamento entre eles e o soldado precisa lidar com toda a repressão do meio militar em plena ditadura. Para Ale, o longa é um “filme brasileiro de primeira” e o diretor aponta ainda que o filme traz “elementos históricos partes da nossa cultura e muita resistência”.
Madame Satã (dirigido por: Karim Aïnouz)
O filme se passa nas favelas do Rio de Janeiro na década de 1930. João Francisco dos Santos, filho de escravos, ex-presidiário, bandido, gay e patriarca de um bando de párias, se expressa no palco de um cabaré como “Madame Satã”. Ale ressalta que o personagem foi um transformista brasileiro e um dos personagens mais representativos da vida noturna e marginal da Lapa carioca na primeira metade do século 20.
“É uma figura que carrega coragem, pioneirismo. Sua força para ser quem foi, inclusive sexualmente, pavimentou o caminho para que hoje a gente pudesse ter mais liberdade”, aponta.
Filadélfia (dirigido por: Jonathan Demme)
O advogado Andrew trabalha em uma renomada companhia de advocacia, mas é despedido quando descobre ser portador do vírus HIV. Ele então contrata os serviços de outro advogado para processar a companhia e garantir seus direitos.
O longa produzido em 1993 garantiu o primeiro Oscar de melhor ator para Tom Hanks, que interpretou o protagonista Andrew, em 1994.
O Segredo de Brokeback Mountain (dirigido por: Ang Lee)
O longa conta a história de Jack e Ennis, que se conheceram quando foram trabalhar juntos em um rancho. Isolados nas montanhas, ele acabam se apaixonando e tendo contato sexual; quando o trabalho chega ao fim, cada um segue seu caminho e os dois se casam, vivem com as suas respectivas esposas e não se veem por anos. Um dia, eles começam a marcar encontros esporádicos e, a longo prazo, mantêm um caso amoroso por décadas.
Ale descreve a obra como “linda, poética, triste e um clássico entre a comunidade LGBTQIA+”. O filme encerra a lista de recomendações para este Dia do Orgasmo, enaltecendo as produções audiovisuais que carregam as lutas, conquistas e obstáculos enfrentados pela comunidade LGBT.