O jogador Leandro Castan, capitão do time do Vasco, publicou um texto nas redes sociais, neste domingo (27), e os torcedores da equipe carioca apontaram homofobia na postagem do atleta.
No dia em que o Vasco lança uma camisa em homenagem ao Orgulho LGBTQIA+ e publica um manifesto contra a homofobia e transfobia no esporte brasileiro, Castan postou uma passagem bíblica onde cita arcoíris e proliferação. "Mas vocês sejam férteis e multipliquem-se; espalhem-se pela terra e proliferem nela (...) Quando eu trouxer nuvens sobre a terra e nelas aparecer o arco-íris, então me lembrarei da minha aliança com vocês", diz parte da transcrição na publicação.
A publicação gerou revolta na torcida do Vasco, que acusou o jogador de ser homofóbico. "Vá embora do Vasco. Um capitão precisa representar os valores do time o qual lidera. Você envergonha a Cruz de Malta", escreveu uma internauta. "Era mais fácil você ir direto ao ponto do que esfregar esse textinho bíblico na cara da comunidade LGBTQIA+. Achava que você tivesse mais hombridade", publicou outra.
Neste domingo (27), o Vasco está promovendo diversas ações em apoio ao Orgulho LGBTQIA+. Para o jogo contra o Brusque, às 21h, pela Série B, o time entrará em campo com a camisa em apoio ao mobimento LGBTQIA+. O time ainda montou um mosaico nas arquibancadas de São Januário com a palavra "Respeito" e faixas com as cores do arcoíris.
Veja publicação de Castan:
Confira manifesto do Vasco na íntegra :
O mundo dos esportes não é um espaço que aceite as mudanças com facilidade e leveza. Pudera: o esporte é um reflexo da sociedade que o rodeia e, portanto, reproduz seus estereótipos e práticas, seus valores e preconceitos. Reproduz, enfim, sua inércia.
Mesmo assim, a sociedade muda. E, como reflexo da sociedade em transformação, o futebol também não se mantem imune às suas mudanças. Mas o esporte tem o dever de ir além: o futebol, particularmente, é uma inspiração comum a diversas gerações e deve fazer parte das transformações sociais, rumo a uma sociedade melhor e mais justa.
A homofobia e a transfobia são alguns dos mais graves problemas do nosso tempo e o esporte ainda é, infelizmente, um de seus espaços de mais forte reprodução. O Vasco da Gama assume para si a responsabilidade de se posicionar diante do tema, sem defender aquilo que é cômodo, mas sim aquilo que é correto. O clube será um parceiro daqueles que lutam contra o preconceito relacionado à orientação sexual ou à identidade de gênero de quem quer que seja.
Estamos conscientes de que uma parte das mudanças acontece dentro de nossos próprios muros. Mas estamos dispostos a nos engajar na construção de um Vasco melhor, que reflita o mundo que queremos ver para o futuro próximo: com respeito e dignidade, independentemente de orientação sexual ou identidade de gênero.
Ser parte da mudança – e não do problema – não é simples, já que exige uma mudança de nós mesmos. O Vasco convida clubes, atletas, torcedores, dirigentes, federações e sociedade para um compromisso conjunto de debate acerca da homofobia e da transfobia.
O Vasco de 1923 não aceitou o racismo, naturalizado no século anterior.
O Vasco do século XXI se nega a aceitar a homofobia e a transfobia que marcaram o século XX.
Mudemos juntos. O caminho é longo, mas o Vasco dará tantos passos quantos forem necessários neste debate, indispensável ao mundo atual.
Independente da sua orientação sexual ou identidade de gênero, somos todos iguais. O Vasco da Gama nasceu como o time de todos e continuará sendo.