Talentos da música queer: conheça (ou relembre) 15 artistas para ouvir
Pessoas trans, lésbicas, gays e bissexuais protagonizam carreiras na indústria fonográfica, com diversos gêneros musicais
Não é de hoje que cantores LGBTQIA+
se destacam fazendo música e shows performáticos. No Brasil, Pabblo Vittar, Ney Matrogrosso, Daniela Mercury, Johnny Hooker e Liniker são alguns nomes que se destacam nesse contexto. Sob influências internacionais e do passado, cada vez mais novas carreiras de pessoas queer
, trabalhando com todos os gêneros musicais, surgem no país.
De acordo a doutoranda em comunicação e pesquisadora de música e cultura pop Mariana Lins, a presença de artistas queer na industría da música, seja cantando ou produzindo, é importante porque cria novas estéticas e ajuda a levar ao público novas discussões políticas, que nem sempre a "diva hétero e branca" consegue.
"É importante que essas outras vozes surjam. Elas podem fazer novas contribuições sociais, apresentar outras discussões. Novos debates surgem com esses artistas que estão despontando. Como, por exemplo, Pabllo Vittar, que agendou uma série de discussões e ganhou projeção internacional. A diva branca e heterossexual não basta, nunca bastou", afirma a Mariana.
Por isso, o iG Queer montou uma lista com 15 artistas LGBTQIA+ que estão desponstando na música e que merecem sua atenção. Confira:
As Baías
O trio é formado por Raquel Virgínia, Assucena Assucena e Rafael Acerbi. Antes nomeados como "As Bahias e a Cozinha Mineira", eles se conheceram na Universidade de São Paulo (USP) em 2011 e lançaram o primeiro álbum ("Mulher") em 2015. Desde então, eles se dedicam à carreira musical, que inicialmente seguia influências de Gal Costa e hoje se atualizam com uma roupagem contemporânea pop, com coreografias, figurinos brilhantes e videoclipes elaborados. Sempre falando sobre as expressões de gênero, em 2017, lançaram o álbum "Bixa", em 2019, "Tarântula".
Aíla
Aíla de Nazaré Campos Magalhães da Costa é uma cantora e compositora paraense de 31 anos. Iniciou sua carreira musical em 2008, tornando-se uma das representantes da nova música produzida no Pará, que utiliza referências do brega ao pop, da guitarrada ao carimbó, da cúmbia ao zouk love. Lésbica, ela diz que tenta reafirmar sua orientação sexual no seu trabalho artístico. Aíla já chegou a lançar uma música em parceria com a cantora Dona Onete
.
Romero Ferro
Com três álbuns lançados (Sangue e Som em 2013, Arsênico em 2016 e FERRO em 2019), videoclipes com grandes produções e parcerias de sucesso nacional – como a cantora Duda Beat
– o pernambucano Romero Ferro é gay assumido e diz que é preciso quebrar tabus. Nos shows e apresentações, Romero sempre aparece com figurinos coloridos, maquiagem e muito brilho, nas músicas ele apresenta referências pop, brega e new wave.
Kim Petras
Kimberly Anne Petras, 28, é alemã e atualmente vive em Los Angeles, na Califórnia (EUA). Cantora, compositora e modelo, ela lança músicas pop e eletrônicas desde 2016 sob um selo próprio, a BunHead Records. Os EPs que lançou a colocaram no topo das paradas internacionais do Spotfy. Seu álbum de estréia ("Clarity") foi lançado em 2019, com referências ao dance-pop, electropop, hip hop e R&B. No mesmo ano, lançou o segundo álbum: "Turn off the light", que é uma continuação de um EP homônimo. O segundo álbum é embalado por melodias dançantes e sombrias.
WD
Preto e gay, WD tem um EP e algumas parcerias em sua carreira. Em 2019, lançou a música "Eu sou", que é uma espécie de manifesto de aceitação pela sexualidade e raça no qual conta um pouco da própria história. Com uma voz aguda, ele possui um trabalho conhecido pela luta contra as diversas formas de preconceito. "Eu sou" é a sua música mais conhecida e ganhou até uma versão em espanhol: "Yo Soy".
Danny Bond
Rapper alagoana de 23 anos, Danny começou a fazer sucesso na internet com o vídeo viral "Ai, Meu Deus". As músicas dela são dançantes, engraçadas e explícitas, falando abertamente sobre sexo e órgãos sexuais. O primeiro álbum solo "Bocket" contém alguns sucessos: "Ai, Meu Deus", "Virei Sapatão" e "Eu Faço Bocket". Travesti e drag queen, ela diz "eu entrego meu trabalho por completo, sou travesti e gosto de me montar" e pode ser vista em videoclipes no Youtube que se destacam pelas produções simples e diretas.
King Princess
Mikaela Mullaney Straus, de 21 anos, é conhecida pelo nome artístico King Princess. Cantora, compositora, instrumentista e produtora americana do Brooklyn, Nova York (EUA), ela assinou contrato com a gravadora de Mark Ronson, Zelig Records, uma marca da Columbia Records. Em 2018, lançou o primeiro single: "1950", uma homenagem ao romance The Price of Salt (Ou Carol), de Patricia Highsmith, à comunidade LGBT e ao amor queer. A música alcançou grande audiência quando o cantor britânico Harry Styles twittou uma parte da letra.
Brunelli
Alexandre Nickolas Brunelli dos Santos, 27, começou como fã de Michael Jackson, Demi Lovato e Beyoncé. Foi ouvindo esses artistas que entendeu que sua vocação era soltar a voz. Inicialmente cantando em igrejas e bares e, hoje, com contrato assinado com a Universal Music Brasil, Brunelli já cantou em Paradas da Diversidade de São Paulo ao lado de Mel C (ex-Spice Girl), Iza, Luisa Sonza, Gloria Groove, Aretuza Love, Lexa e Mc Pocahontas (hoje, Pocah).
Ventura Profana
Baiana de 27 anos, ela é compositora, escritora, performer, cantora, artista visual e evangelista. Na página do Instagram dela, Ventura se define como "missionária e pastora das travestis". Tendo vivido muito tempo como fiel da Igreja Batista, a cantora sempre apresenta referências religiosas nas suas músicas, mas retirando a discriminação, muito comum, e valorizando as travestis. Ventura vê seu trabalho artístico como um manifesto “a favor das vidas dissidentes, estranhas e monstruosas, reivindicando o direito de viver plenamente”.
Jup do Bairro
Ex-companheira musical de Linn da Quebrada, Jup foi vencedora do Prêmio Multishow de Música Brasileira como "Artista Revelação" em 2020. Lançou seu primeiro álbum de estúdio ("Corpo sem juízo") também naquele ano. Jup do Bairro, que tem 28 anos, também é atriz e participou dos filmes "Bixa Travesty", "Abrindo o Armário" e "Republika".
Maria Beraldo
De Florianópolis e com 32 anos, Maria é cantora, compositora e clarinetista. Com graduação e mestrado em música, ela lançou-se em carreira solo em 2017 e, em 2018, o seu primeiro álbum solo: "Cavala". Com ele, fez show até em Portugual e no Japão. Assumidamente lésbica, Maria Beraldo fala de suas experiências constantemente em suas músicas.
Rico Dalasam
É cantor, compositor e rapper. Assumidamente homossexual, Dalasam é uma das maiores expressões do queer rap. Entre as referências de Dalasam estão Rick James, Prince e André 3000. A aceitação da sexualidade sempre passa por suas letras. Seu primeiro álbum foi lançado em 2016. Ele ficou mais conhecido ao fazer um featuring com Pabllo Vittar, na música "Todo Dia", cujo videoclipe tem mais de 10 milhões de visualizações no YouTube.
A Travestis
A banda comandada pela vocalista Tertulia Lustosa, de 24 anos, é uma das maiores revelações recentes do pagode baiano. Além da vocalista, fazem parte da banda duas dançarinas e um produtor. A Travestis, que possui bordões ("chegou a travestis" e "iaí") para o início de suas músicas, ganhou destaque ao gravar uma música do álbum de remixes de Pabllo Vittar: "Tímida" (originalmente cantada em parceria com Thalia).
Hayley Kiyoko
Cantora, compositora e atriz norte-americana, começou sua carreira atuando em filmes, dentre eles os da série Scooby-Doo. Ex-girl band (The Stunners), já esteve ligada à produção musical de produtos da Disney, como da série iCarly. Em seu trabalho, aborda aceitação da sua orientação sexual.
Jão
João Vitor Romania Balbino, de 26 anos, é cantor e compositor. Começou a carreira publicando covers em seu canal do YouTube. Em novembro de 2016, lançou o primeiro single: "Dança pra mim". Jão, que já lançou 2 álbuns ("Lobos", em 2018, e "Anti-herói", em 2019) se mantém muito reservado quanto à sua vida pessoal. Em entrevista à Revista Quem, ele disse que a sexualidade dele não estava aberta a debates.