Bruno Ferreira

Por que ter Orgulho é mais importante que nunca?

Somam-se mais de 120 projetos de leis contrários à comunidade queer propostos nos últimos anos no Brasil

Foto: Reprodução
Porque ter Orgulho é mais importante que nunca?


Olá! Sejam bem-vindes a mais uma edição da minha coluna no iG Queer. Meu nome é Bruno Ferreira, sou especialista em diversidade, equidade e inclusão, LinkedIn Top Voice e... orgulhosamente queer.

O mês de junho começou e, com ele, vemos as ruas, empresas e os feeds das redes sociais repletos de bandeiras do arco-íris, principalmente devido às Marchas e Paradas do Orgulho LGBTQIAPN+.

Neste fim de semana, na cidade de  São Paulo, será realizada a maior Parada do Orgulho do mundo, com milhões de pessoas queer e suas aliadas tomando as ruas com seus corpos, suas cores e sua alegria.

A participação massiva da nossa comunidade nesta celebração não a torna imune, é claro, às críticas.

Por um lado, algumas pessoas da própria  comunidade LGBTQIAPN+ criticam a comercialização excessiva do evento, com a participação de grandes corporações que podem aproveitar esse momento como parte da sua estratégia de “lavagem da diversidade”, com olhos famintos no chamado “pinkmoney”.

Por outro lado, setores conservadores desenham um quadro estereotipado do que são esses eventos, acusando ferozmente seus participantes de serem “indecentes”, “perigosos” e “um risco para as crianças e famílias”.

É claro que esses críticos nunca estiveram presentes em uma Parada e ignoram propositalmente o fato de que crianças e famílias também fazem parte do público, que é, essencialmente, diverso e múltiplo.

Algo que é consenso, tanto para os que criticam de forma construtiva quanto para os que atacam deliberadamente, é que o Orgulho é um dos mais poderosos instrumentos de resistência da comunidade LGBTQIAPN+.

Sim, até mesmo os extremistas conservadores sabem disso.

Caso contrário, não dedicariam tanta energia na criação de fake news e tanto dinheiro público e burocracia legislativa para tentar emplacar projetos de lei que buscam proibir, por exemplo, que os próprios pais levem seus filhos menores de idade ao evento.

Inclusive, para os que acusam a Parada de ser apenas “uma festa”, é importante lembrar que a negligência e o retrocesso legislativo são exatamente o tema da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo este ano.

Afinal, somam-se mais de 120 projetos de leis contrários à comunidade queer propostos nos últimos anos no Brasil, com ao menos 77 leis anti-trans em vigor em 18 estados brasileiros.

É por isso que afirmo que o Orgulho é mais importante que nunca. Precisamos lembrar que, por mais que a sociedade tenha enfrentado importantes discussões e as pessoas LGBTQIAPN+ tenham alcançado conquistas significativas nos últimos anos, o cenário ainda não é de tranquilidade para nós.

Cabe lembrar que o Brasil ainda lidera, pelo 14º ano consecutivo, a lista de países mais perigosos para pessoas LGBTQIAPN+ no mundo, sobretudo para pessoas trans.

Que todo este mês de junho e as Paradas do Orgulho sejam um lembrete de que nossos direitos permanecem em disputa e nunca devem ser dados como “completamente garantidos”.

Inclusive, as eleições estão chegando. Mais do que nunca, é importante votar de forma consciente em candidatos que lutam pelos nossos direitos e pela nossa dignidade.

Tudo isso faz parte do Orgulho.

** Bruno Ferreira é estrategista de projetos de impacto social, especialista em diversidade e inclusão e Linkedin Top Voice. É uma liderança do It Gets Better, organização internacional focada no empoderamento da juventude LGBTQIAPN+ e produtor executivo do "Conversas Que Inspiram", premiado talk show sobre educação inclusiva.