Exposição vira alvo de protestos após acusação de blasfêmia

Com imagens em que sexualizam imagens católicas, as obras estão expostas no México

Exposição no México gera polêmica após acusações de blasfêmia por grupos católicos
Foto: Reprodução/@Fabianchairez13
Exposição no México gera polêmica após acusações de blasfêmia por grupos católicos

A exposição "La Venida del Señor", do artista mexicano Fabián Cháirez , se tornou alvo de protestos de grupos católicos no México por apresentar obras que misturam erotismo e arte sacra. A mostra foi inaugurada em 5 de fevereiro na Antiga Academia de San Carlos , da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), no Centro Histórico da Cidade do México , e provocou reações por parte de religiosos que classificaram as peças como blasfemas.

A polêmica ganhou força nas redes sociais quando fiéis criticaram imagens como a de dois cardeais lambendo um círio. Diversos católicos foram até a exposição para rezar em protesto contra o conteúdo exibido. "As manifestações que vi em vídeos e nas redes sociais me parecem fantásticas e bonitas. Acho ótimo fazer uma ação de protesto como essa. Até mesmo as pessoas que rezam contribuem para a experiência das pinturas e da galeria", disse Fabián em entrevista ao El Universal .

Protestos e críticas religiosas

Exposição no México gera polêmica após acusações de blasfêmia por grupos católicos
Foto: Reprodução/@Fabianchairez13
Exposição no México gera polêmica após acusações de blasfêmia por grupos católicos

As obras de Cháirez retratam figuras do universo católico, como anjos, freiras e cardeais, em interações eróticas com elementos religiosos. O padre Eduardo Hayen Cuaron, da diocese de Juárez, foi um dos primeiros a se posicionar contra a exposição. Embora tenha apagado uma postagem crítica nas redes sociais, o sacerdote declarou que "não pode deixar de rezar a Deus pela conversão do pintor" e pediu que a Igreja denuncie o ocorrido junto à Comissão Nacional de Direitos Humanos.

"Devem ser feitas orações de reparação pelo sacrilégio cometido, sem ódio, sem ressentimento e pedindo a Deus que converta aqueles que odeiam a Igreja", acrescentou o padre. Ele reforçou que o caso não deve ser ignorado pelas autoridades religiosas e civis.

A Associação de Advogados Católicos também criticou a mostra, alegando que não poderia se calar diante do que considera um ataque à fé cristã. "Não nos calamos diante dessa adversidade e é por isso que estamos agindo, denunciando coletivamente esse pseudoartista", afirmou Carlos Ramírez, diretor jurídico da associação.


Reações do artista e apoio da comunidade LGBTQIAPN+

Fabián Cháirez respondeu às críticas nas redes sociais, rejeitando as acusações de blasfêmia. "Nem insulto, nem escárnio. A arte só busca nos dar alegria livre de culpa", escreveu o artista no X (antigo Twitter).

Grupos de direitos humanos e coletivos LGBTQIAPN+ expressaram apoio ao artista, classificando as tentativas de censura como ataques à liberdade artística. O Coletivo Teresa de Cepeda e Ahumada divulgou uma nota destacando a importância da pluralidade de vozes na sociedade. Já a Coalizão Mexicana LGBTQIAPN+ afirmou que a exposição "provoca reflexões necessárias em tempos de intolerância".



Tensões entre arte e religião

O clima de tensão aumentou nos últimos dias, quando manifestantes tentaram impedir a entrada de visitantes na galeria. Em um dos protestos, um homem foi retirado do local à força após se recusar a sair. Mesmo diante das críticas, a exposição segue aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h.


Fabián pediu que os visitantes evitem confrontos e respeitem o espaço da galeria. Segundo o artista, a proposta da mostra não é provocar ódio, mas gerar discussões sobre a relação entre arte, erotismo e espiritualidade. "A arte deve ser um espaço de reflexão e liberdade", concluiu.