O nome de Chappell Roan, a sensação do momento, foi envolvido em uma discussão nas últimas semanas após o sucesso internacional de "Alibi", faixa da cantora Sevdaliza com a participação da francesa Yseult e da drag-queen Pabllo Vittar. Isso porque a americana falou recentemente sobre se identificar com a arte drag e até mencionou a sua admiração pela dona do hit "Amor de Que".
Chappell Roan é um dos nomes mais comentados do pop americano. Lésbica, a carreira da artista ascendeu neste ano após o sucesso da faixa "Good Luck, Babe", na qual a compositora fala sobre uma mulher com quem teve um caso, mas a amada optou ficar com um homem. O seu primeiro álbum de estúdio, "The Rise and Fall of a Midwest Princess", de 2023, se tornou amplamente consumido depois de a ruiva começar a bater recordes com a canção que disponibilizou em 2024.
Mas onde Vittar entra nessa história? O hit mundial "Alibi" se consagrou como um viral do TikTok antes mesmo de ser lançada nas plataformas de música. O áudio da canção já foi utilizado por mais de 6,5 milhões de perfis no aplicativo e, por isso, as artistas têm quebrado recordes inimagináveis em suas respectivas carreiras.
O top 50 global do Spotify, por exemplo, é uma das principais paradas das plataformas digitais. Quando a canção entrou no ranking das mais ouvidas do mundo, Pabllo Vittar foi anunciada, tanto pelos seus fãs quanto por veículos de imprensa, como a primeira drag-queen a realizar o feito.
No entanto, internautas do X, antigo Twitter, desmeceram a conquista da brasileira, uma vez que, por se identificar com a arte drag e utilizar maquiagens artísticas que são próprias do movimento, eles alegaram que a americana também é uma drag-queen. Dessa forma, Vittar não teria sido a primeira drag a entrar no top 50 mundial do Spotify, mas sim Roan com "Good Luck Babe", que atualmente configura entre as 10 mais tocadas da parada. Enquanto isso, "Alibi", está em 13º lugar.
Após dias de discussões entre os usuários da rede social, Pabllo Vittar deu uma entrevista para Bianca DellaFancy, do podcast "Quanto Vale Essa História?" e admitiu se considerar a primeira drag-queen a entrar no ranking das mais ouvidas do Spotify. Depois de sua declaração, a postura da brasileira foi criticada e até mesmo considerada misoginia, uma vez que, por ser uma mulher cisgênero, nada impede Chappell Roan de ser uma drag-queen.
BOTOU O PAU NA MESA! Em podcast com Bianca Dellafancy, Pabllo Vittar afirma que é a PRIMEIRA Drag Queen no Top Global. pic.twitter.com/3iKCckEenj
— UpdateCharts (@updatecharts) July 23, 2024
Assim como a americana, Pabllo Vittar também é cisgênero. A arte drag não se limita ao gênero do artista, já que ele pode se expressar através das maquiagens artísticas do movimento. "Eu sou a artista favorita do seu artista favorito" é um dos lemas ditos por Chappell Roan e é uma referência à drag-queen Sasha Colby, uma das artistas mais aclamadas do icônico reality Ru Paul's Drag Race.
Além disso, toda a estética visual adotada pela ruiva conversa diretamente com elementos da cena drag. A maquiagem é caracterizada pelo exagero em todas as partes do rosto, como lábios volumoso e sombras coloridas e bem trabalhadas. Fora isso, a americana também se expressa pelas roupas que usa, como quando referenciou Divine, uma das drag-queens mais notáveis do século XX.
No entanto, no dia 29 de junho de 2024, a Billboard, que armazena as paradas de música de diversos países do mundo, confirmou o feito realizado por Vittar: ela foi a segunda drag-queen a entrar na Billboard Hot 100, principal parada americana de consumo de canções no país. Antes dela, apenas Ru Paul havia aparecido no ranking, nos anos 90.
Após o posicionamento do veículo, os fãs da drag brasileira comemoram os recordes alcançados por Vittar e desmeceram Chappell Roan. Entretanto, o tema é ambíguo, visto que os fãs da ruiva a consideram parte da arte, então não reconhecem os últimos feitos da voz de "K.O.".
Ao que tudo indica, essa discussão não será resolvida tão cedo. Aqui, há duas artistas que se identificam com a arte drag e utilizam dela para se expressar em suas músicas e no contéudo visual que produzem. No final, o que importa é a relação dessas cantoras com a comunidade LGBTQIAPN+ e a vivência queer que está presente em suas narrativas.
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