'Amor e Outras Revoluções': Peça aborda amor lésbico afrocentrado
Texto de Tati Villela, que atua na peça ao lado de Mariana Nunes, evidencia as inquietações afetivas de duas mulheres negras
"Muitas mulheres negras sentem que em suas vidas existe pouco ou nenhum amor”. A impactante frase de bell hooks é parte da inspiração e reflexão que ecoaram em Tati Villela e levaram a multiartista a escrever seu primeiro texto teatral, Amor e Outras Revoluções , que segue em cartaz até o dia 10 de julho, no Mezanino do Sesc Copacabana , zona sul do Rio de Janeiro.
Dividindo a cena com Mariana Nunes, o espetáculo conta com direção de movimento assinada por Camila Rocha
e direção de Wallace Lino.
A obra só ganhou vida após
Tati ter sua ideia aprovada e a montagem contemplada pelo Edital SESC RJ de Cultura 2022, o que resultou em uma experiência que envolve teatro, audiovisual, performance e música.
Em cena, duas mulheres negras ao se casarem expõem seu amor, inquietações e conflitos em torno de suas subjetividades e trajetórias das suas experiências afetivas.
O tema, ainda pouco abordado nos palcos brasileiros, provoca a reflexão do público sobre quais são os obstáculos que esse amor encontra na sociedade diante das interferências do racismo e da lesbofobia.
"Precisamos falar de amor entre pessoas negras, sobretudo na sociedade brasileira, onde a todo momento presenciamos as consequências do racismo estrutural vigente no nosso sistema. Nós, negros, estamos aperfeiçoando a capacidade de nos amar, de amar o nosso espelho, o nosso reflexo", aposta a atriz e autora da peça.
Para Tati o que move a peça é trazer esta história para o centro da narrativa: "A falta de amor experienciada por mulheres negras historicamente e a oportunidade de pôr o amor entre duas mulheres negras como tema central de um trabalho é a grande motivação".
A narrativa brinca com o cotidiano, com os sonhos e os desejos mais ocultos destas mulheres, segundo a autora Tati Villela, que inclusive é ganhadora do Troféu Redentor na categoria Melhor Atriz na 23ª edição do Festival do Rio.
"O drama faz um híbrido com a comédia para que a vida não seja tão amarga. A não-objetificação e a não-hipersexualização desses corpos é levada a sério. A peça aponta e exibe em suas cenas as subjetividades destas mulheres que têm semelhanças, mas não são iguais. Mulheres negras são múltiplas e possuem suas individualidades", defende Tati.
Retorno de Mariana Nunes aos palcos
Após um hiato de alguns anos, Mariana Nunes retorna ao teatro na pele de Luzia e ela afirma que o papel é exatamente o que ela estava procurando.
"Quando li o texto, eu disse à Tati que essa peça deveria ser montada, pois ela preenche uma lacuna enorme de imagens, situações e narrativas tão raras e tão caras às mulheres negras. É uma grande oportunidade de realizar um desejo antigo meu. O amor entre pessoas pretas, em geral, não é ofertado da mesma forma romântica como ele aparece nas narrativas de personagens brancos. Tenho muita sorte”, comemora a atriz, que completa: "Amar outra mulher negra é fortalecer seu amor próprio também".
Serviço:
Amor e Outras Revoluções
Temporada:
16 de Junho a 10 de Julho
Dias da semana:
Quinta a domingo
Horário:
20h
Ingressos:
R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)
Local:
Mezanino do Sesc Copacabana
Endereço:
Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
Informações:
(21) 2547-0156
Bilheteria - Horário de funcionamento:
Terça a sexta - de 9h às 20h; Sábados, domingos e feriados - de 13h às 20h.
Classificação Indicativa:
12 anos
Duração:
80 minutos