‘Stranger things’ é acusado de fazer ‘queerbaiting’ com Will; entenda
Criadores da série prometem ser mais claros com relação à sexualidade do personagem na segunda parte da quarta temporada
Alguns fãs de “Stranger things” estão incomodados com o fato da série não definir claramente a sexualidade de Will, mesmo dando indícios desde a terceira temporada de que o personagem seria gay. Isso fez com que muitas pessoas acusassem a Netflix e os criadores da série de “queerbaiting”.
O que significa?
“Queerbaiting” é uma expressão usada para definir um tipo de “isca” para o público LGBTQIA+. A situação acontece bastante em filmes e séries, e tem sido mais alvo de análises nos últimos anos. É quando uma produção insere vários elementos e dicas relacionando um personagem com um grupo queer, mas sem nunca defini-lo expressamente em cena.
Em “Stranger things” vemos um Will desconfortável na relação com os amigos, todos com namoradas, e sem deixar claro seus sentimentos. A gota d’água para os fãs com relação ao “queerbaiting” aconteceu no primeiro episódio da atual temporada, quando o personagem é visto carregando um projeto de escola sobre Alan Turing, considerado o pai da ciência da computação. Turing, que foi vivido por Benedict Cumberbatch no filme “O jogo da imitação”, foi condenado por sua homossexualidade e tirou a própria vida.
— Eu sinto que eles (os irmãos Duffer) nunca abordam isso ou dizem descaradamente como Will é. Eu acho que essa é a beleza do negócio, que depende apenas da interpretação do público — disse o ator Noah Schnapp, que vive Will, em conversa com a Variety.
A escritora e ilustradora Alice Priestly apontou que o "fato de Stranger Things se passar na década de 80 não é justificativa para queerbaiting". E continuou: "Queerbaiting não é elemento narrativo. É autoexplicativo: é uma isca para quem é queer. É uma forma de atrair um público que necessita de representação há décadas. É uma forma de ganhar dinheiro fácil."
Gente, na moral, entendam:
— Alice Priestly 🏳️⚧️ (@priiestly) June 2, 2022
O fato de Stranger Things se passar na década de 80 não é justificativa para queerbaiting.
Our Flag Means Death se passa no século 18 com um banda de pirata velhote e tem mais representatividade do que a maioria das séries jovens que tem saído por aí.
O jornalista Scott Bryan, da BBC, comentou a declaração do ator: “deixar tais identidades inexploradas e abertas a tal interpretação não é o golpe de mestre que eles pensam que é.”
leaving such identities unexplored and open to such interpretation is not the masterstroke they think it is https://t.co/4sm5NieVJi
— Scott Bryan (@scottygb) May 31, 2022
Já a escritora Jill Gutowitz ironizou a fala de Schnapp ao dizer que a mesma era sobre “a beleza de não se falar ‘gay’.”
the beauty of never saying gay ❤️ https://t.co/PjomADyesL
— Jill Gutowitz (@jillboard) May 31, 2022
No Twitter, é possível encontrar inúmeros fãs questionando a abordagem do personagem em cena.
— Estamos em 2022, não precisamos ficar colocando rótulo em tudo — argumentou Millie Bobby Brown, a Eleven, também à Variety.
Apesar do desconforto criado, os irmãos Duffer, responsáveis pela série, garantem que haverá mais clareza na abordagem da sexualidade do Will em breve, e que o arco do personagem está “longe do fim”.
Confira algumas reações dos fãs no Twitter.
Acho q é bonito “livre para a interpretação do público” ou devo falar, queerbaiting https://t.co/mxzn3rIk3E
— Saramon🧣 (@Saramonw) May 31, 2022
Eu simplesmente não aguento mais queerbaiting https://t.co/XHnI76WxL0
— iuca ALIVE BY THE SKIN OF MY TEETH (@_iucaa) June 1, 2022
É isso, acabei de ler aqui, queerbaiting é a história de Alvo Dumbledore inteira, é isso. A história do Will só vai ser queerbaiting se não existir uma explicação, uma justificativa narrativa para tudo que ele faz e a maneira como se comporta.
— ricardinho 🦑 (@sodrehzinho) June 2, 2022
Sirva o queerbaiting bem fresquinho https://t.co/7WhB9Q85tL
— blue boy (@jojozvg) June 3, 2022