“Robocop Gay” e outras músicas ofensivas dos Mamonas Assassinas

Uma das bandas brasileiras mais icônicas dos anos 1990, os Mamonas Assassinas se tornaram famosos por suas letras caricatas e satíricas

O sucesso do grupo dura até os dias de hoje. No entanto, as mensagens que o grupo passava naquela época são consideradas questionáveis atualmente por algumas pessoas. Isto porque algumas letras expressavam mensagens de xenofobia, racismo, machismo e LGBTfobia

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As opiniões em relação à obra dos Mamonas Assassinas são mistas

Se por um lado há o grupo que considera que os Mamonas eram extremamente inapropriados e ofensivos, outros acreditam que o grupo estava tratando de temas antes invisíveis, como o consumismo e saída do armário, por exemplo. Há ainda um grupo que pensa que, mesmo com ofensas e mensagens tortas, a banda conseguiu passar visões importantes sobre a sociedade

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Veja algumas letras de músicas dos Mamonas Assassinas que são consideradas como ofensivas nos dias de hoje

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“Robocop Gay”

Lançada em 1995, a letra da música foi considerada um marco na época de seu lançamento. Isto porque falar sobre homossexualidade na televisão e na música, ainda mais que “gay também é gente”, era algo extremamente raro. No entanto, muitas pessoas LGBTQIA+ afirmam que não se sentem confortáveis diante da canção por conta dos estereótipos sobre homens gays

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Outro problema relacionado à “Robocop Gay” diz respeito ao fato de que a canção é usada até hoje por pessoas héteros para ridicularizar LGBTs

Além disso, tem quem assimile que os próprios Mamonas estavam sendo irônicos e usando a faixa como licença para serem abertamente homofóbicos

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“Uma Arlinda Mulher”

A canção seria uma espécie de declaração de amor bizarra partindo de um homem para uma mulher. A canção tem algumas falas consideradas problemáticas por remeter à violência contra mulher: “Te falei que o importante é competir / Mas te mato de pancada se você não ganhar”

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“Uma Arlinda Mulher” também usa a expressão "Você é uma besta mitológica com cabelo pixaim parecida com a Medusa", o que é visto atualmente como uma crítica a cabelos crespos, já que a palavra “pixaim” era usada antigamente no mesmo contexto

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“Lá Vem o Alemão”

Além de remeter à violência contra a mulher ao dizer “Toda vez que eu lembro de você me dá vontade de bater, te espancar” ao ser trocado por outro, algumas interpretações apontam que a música é racista ao contar a história de uma mulher que larga um homem negro para se relacionar com um homem branco

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Há quem defenda que a faixa está meramente retratando uma mulher que troca um homem pobre por um rico

No entanto, as referências raciais são bem demarcadas na canção nos seguintes trechos: "Só de pensar que nós dois éramos dois / Eu feijão, você arroz" e "Só porque ele é lindo, loiro e forte / Tem dinheiro e um Escort / Como Modess você me trocou"

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“Jumento Celestino"

Pessoas nordestinas também eram “alvos” constantes nas canções dos Mamonas Assassinas, seja na imitação de sotaques ou no uso de termos pejorativos e estereotipados sobre nordestinos. Em “Jumento Celestino”, “cabeção” é usado para se referir a pessoas desta região. No entanto, essa relação é bastante ofensiva

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“Vira-Vira”

Um dos maiores hits da banda, “Vira-Vira” retrata um casal de portugueses, cujo marido foi convidado para uma suruba, negou o convite e pediu para que a esposa fosse no lugar dele. Apesar de ter sido levada numa boa por portugueses, que perdoaram o uso de estereótipos e o falso sotaque, incomoda por narrar um estupro

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"Uma ‘teta’ minha um ‘negão’ arrancou / E a outra que sobrou está doendo / Ô, Maria, vê se larga de frescura / Que eu te levo no hospital pela manhã"

A personagem feminina da música, Maria, volta da suruba se queixando de dores e está desconfortável com a situação; enquanto Manoel, o marido, se diverte e se excita com o sofrimento da mulher, além de menosprezar as dores que ela diz sofrer

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