Gêmeas fazem cirurgia de redesignação: "Passamos por preconceito e rejeição"
Mayla Phoebe e Sofia Albuquerck são as mais novas a fazerem esse tipo de procedimento que, antes, era permitido somente a maiores de 21 anos
Mayla Phoebe e Sofia Albuquerck têm 19 anos, são irmãs gêmeas e passaram por uma cirurgia de redesignação quase ao mesmo tempo em um hospital de Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, na última semana. As meninas passavam por um acompanhamento multidisciplinar há cerca de dois anos na rede particular e foram autorizadas a fazer o procedimento.
Em uma entrevista à revista Época, Mayla, que fez a readequação na quarta, 10, disse que sofreram muito preconceito e que sentem um grande alívio depois da cirurgia.
"Nós já passamos por tanta coisa, tanto preconceito e rejeição, mas também tivemos muita aceitação na nossa família. E hoje eu posso ser quem sempre fui, como todo mundo sabendo, sem esconder nada", afirmou.
A jovem atualmente cursa medicina em uma faculdade de Buenos Aires, na Argentina, enquanto que Sofia cursa engenharia em uma universidade na cidade de Franca, no interior de São Paulo, e passou pelo procedimento na quinta.
"Uma das lembranças mais antigas que tenho sou eu soprando uma flor dente-de-leão para fazer um pedido. Eu tinha uns 3 anos e pedia a Deus para ser uma menininha. Por isso eu acredito Nele, não fosse por Ele eu não teria chegado aqui", lembra Mayla.
Aos oito anos, as duas descobriram que existia uma cirurgia que fazia a mudança de sexo e, aos 15, começaram o tratamento hormonal para crescer os seios. Ao mesmo tempo, elas entraram com um processo na Justiça para retificar os documentos e o resultado saiu um ano depois.
“Ser reconhecida é uma coisa muito boa, mas o maior prazer, o que é mais gratificante, é mostrar para o mundo quem eu sou. Mostrar para outras pessoas, na mesma situação, que elas podem conseguir, mesmo em um país sem igualdade de gênero, o mais transfóbico do mundo. Quero conquistar o respeito da sociedade”, afirmou Sofia.
As gêmeas são as pessoas mais jovens do Brasil a fazer mudança de sexo desde que uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada em 2000, diminuiu a idade mínima de 21 para 18 anos.