Advogado que foi homofóbico com promotora durante julgamento em 2019 vira réu

Cláudia Ferreira Mac Dowell acusou Celso Vendramini de fazer comentários homofóbicos durante julgamento de dois policiais militares em São Paulo, em novembro de 2019

Foto: Reprodução
Cláudia Ferreira Mac Dowell


O advogado Celso Vendramini virou réu por discriminação homofóbica e transmofóbica contra a promotora de Justiça Cláudia Ferreira Mac Dowell. O caso ocorreu em novembro de 2019, durante julgamento de dois policiais militares no Fórum da Barra Funda, Zona Oeste da capital. Em 2021, a Justiça de São Paulo aceitou a denúncia feita pela promotora contra o advogado.

Na ocasião, em 2019, segundo consta no laudo, Vendramini se dirigiu à promotora dizendo não saber se ela é casada ou não, mas afirmando notar uma aliança na mão esquerda dela. Em seguida, o advogado diz que é fã do presidente russo Vladimir Putin e que, na Rússia, "não tem boi não. Lá não tem passeata gay russa não". "Vai ser gay lá na Rússia para ver o que acontece. Eu acho que a democracia da Rússia é a democracia que eu gosto", disse ele.

Em entrevista recente ao Universa, Claudia, que é lésbica e casada, disse que não dá mais para aguentar calada esse tipo de coisa."Quando a gente se cala diante desse tipo de preconceito, a gente só colabora para que ele se naturalize", afirma.

No último dia 10 de dezembro, o promotor Gilberto Ramos de Oliveira Júnior decidiu denunciar Celso à Justiça por entender que a fala dele, além de desrespeitar a comunidade LGBTIQIA+, ofendeu a promotora, que, além de ser lésbica, é conhecida publicamente por sua luta em defesa da comunidade.

A decisão da juíza Ana Carolina Munhoz de Almeida aconteceu em 8 de janeiro e, segundo ela, a denúncia veio "lastreada em elementos suficientes de convicção". Em 2019, o STF ampliou o conceito de racismo para incluir a homotransfobia como crime a ser combatido.